Testamos: Yamaha XMax muda panorama de 'simples e baratas' das scooters
Infomoto
08/02/2020 04h00
Um dos grandes lançamentos do Salão Duas Rodas 2019, e antigo desejo dos consumidores, a Yamaha XMax 250 chega ao Brasil com diversos itens de série para mudar o panorama das scooters, como meio de transporte simples e baratas. Com design moderno, sistema de iluminação de LED, chave de presença, os obrigatórios freios ABS e até controle de tração, a scooter de 250 cc será vendida por "salgados" R$ 21.990 – valor superior até mesmo às motos de 250cc da marca, como Fazer (R$ 16.100) e Lander (R$ 18.000).
Embora só chegue às lojas em abril, tivemos o primeiro contato com o modelo no final de janeiro. Por uma semana, rodamos com a nova scooter de 250 cc pelo trânsito da capital paulista e na Rodovia dos Imigrantes. Confira se vale a pena pagar tudo isso pela nova XMax.
Quase uma maxiscooter
O XMax 250 impressiona pelo porte imponente e bom acabamento das peças plásticas. Os faróis em LED e as linhas angulosas da dianteira, complementadas por um para-brisa, são inspiradas no TMax, scooter esportiva que é sucesso de vendas na Europa. A traseira robusta traz uma bela lanterna, também de LEDs, e contribui para que a XMax, embora tenha apenas 250cc, pareça maior, quase uma maxiscooter.
O assento em couro, com costuras aparentes, traz o nome do modelo em baixo relevo. A pintura fosca e a mescla de partes em preto com outras pintadas, como no paralama dianteiro, completam o visual sofisticado da XMax.
Se, por um lado, as dimensões generosas – 2,19 m de comprimento – e as rodas de liga-leve – aro 15, na dianteira, e aro 14, na traseira – fazem do XMax quase uma maxiscooter, também podem dificultar a vida dos mais baixos. O assento fica a 79,5 cm do solo – eu, com 1,71 m, apoiava as pontas do pé no chão. Nada que comprometa o uso por motociclistas mais experientes, mas pode complicar a vida dos iniciantes, principalmente em manobras.
Desempenho e consumo
Um dos destaques da XMax 250, principalmente para quem procura uma scooter maior, é seu motor. Com um cilindro, 250 cm³ e arrefecimento líquido, produz 22,8 cv de potência máxima a 7.000 rpm, além de um torque máximo de 2,5 kgf.m a 5.500 giros.
Em conjunto com o câmbio CVT (automático) é o suficiente para arrancar na frente até mesmo de motos maiores no semáforo. Rapidamente, atinge-se 80 km/h – o que, em uma cidade como São Paulo (SP), onde os limites são de 60 km/h, exige certo cuidado para não levar multas. Ou seja, o desempenho da XMax 250 "sobra" no trânsito urbano.
Para evitar derrapagens em pisos de baixa aderência – uma rua de paralelepípedos molhados, por exemplo – a Yamaha equipou o modelo com controle de tração. Apesar de ter entrado em funcionamento apenas em uma situação, é um importante e confortável item de segurança.
Alimentado somente por gasolina, fez uma média de 28,7 km/litro no uso urbano, segundo o computador de bordo que fica na tela de LCD do painel, que ainda informa o consumo instantâneo, carga da bateria, tem dois hodômetros, marcador de combustível e temperatura do motor – e um útil relógio para quem usa a scooter no dia-a-dia.
Na estrada, o desempenho também agrada. A aceleração é vigorosa até os 100 km/h e o motor é capaz de chegar a 145 km/h – mais até do que os modelos de 250cc da marca.
Estável e confortável
Mesmo em velocidades mais altas, a nova scooter da Yamaha mantém-se estável e transmite confiança ao piloto. Muito graças às rodas maiores e ao bom conjunto de suspensões. Na traseira, a XMax tem o tradicional sistema bichoque com dois amortecedores, porém na frente, a marca inovou. O garfo telescópico convencional conta com duas mesas – inferior e superior -, como uma moto "de verdade". Com curso, as suspensões também absorvem muito bem as imperfeições do piso.
Com isso, o piloto tem bastante conforto mesmo nas mal-cuidadas ruas e avenidas da capital paulista, sem sentir que o conjunto de amortecimento chegou ao fim do curso. Em curvas, o trem dianteiro transmite confiança ao condutor – até mesmo no meu caso, que estou mais acostumado a motos do que a scooters.
Vale destacar ainda a boa posição de pilotagem e o amplo assento da XMax. O piloto vai com o tronco bem ereto e a plataforma oferece espaço para mudar os pés de posição, na estrada, por exemplo. O para-brisa, que pode ser ajustado, com auxílio de ferramentas, me protegeu bem do vento e também da chuva, que insiste em cair no úmido verão paulistano.
Para parar com segurança os 179 kg (em ordem de marcha), há discos de freio com sistema ABS em ambas as rodas.
Praticidade
Mas de nada adiantaria a nova Yamaha XMax 250 ter bom desempenho e ciclística, não fossem os itens de praticidade. A começar pela Smart key (chave de presença): basta colocar no bolso, ou na mochila, girar o botão para liberar a ignição, abrir a tampa de combustível e um dos dois porta-luvas ou destravar o assento.
Sob o banco, o espaço disponível (razão de ser de toda scooter) é impressionante. Ali cabem dois capacetes integrais e uma capa de chuva – ou um capacete e uma grande mochila. Em resumo, para meu uso, eu não precisaria comprar um bauleto: o espaço de carga sob o assento é mais que suficiente para o que eu carrego no dia-a-dia. E, de qubra, ainda há uma luz de LED para facilitar encontrar objetos à noite.
Por falar em noite, os bons faróis de LED merecem elogios: tem uma luz branca forte e ampla que ilumina o caminho à frente e deixa a scooter visível aos outros motoristas. Cavalete central e lateral são itens de série.
Mas vale tudo isso?
Com tantos itens de série e até uma dose de tecnologia embarcada, a XMax 250 não é uma scooter "barata". Afinal, o preço sugerido é de R$ 21.990, que deve chegar aos R$ 23 mil para o consumidor final. Apesar de alto, o valor é equivalente às concorrentes da categoria, porém com muito mais equipamentos.
A Honda abaixou o preço da sua SH 300i para R$ 20.990, pois sabe que a nova scooter da Yamaha é superior – e deve também lançar a Forza 300 em breve. A Dafra fez o mesmo com a veterana Citycom 300i, que caiu de R$ 19.900 para R$ 17.900. Ou seja, mesmo mais cara a nova scooter da Yamaha chegou para incomodar a concorrência.
Mas vale a pena pagar tudo isso por uma scooter? A resposta vai depender do seu uso. Se você usa a scooter apenas na cidade e não liga tanto para o desempenho, modelos com a Honda PCX 150 ou a Yamaha NMax 160 são suficientes – e até mais econômicas.
Mas se você não tem outra moto, ou carro, a moderna scooter da Yamaha pode ser uma boa opção. Elegante, prática no dia-a-dia e com fôlego para pegar a estrada, a XMax 250 eleva o patamar da categoria. (texto Arthur Caldeira / fotos Renato Durães)
Infomoto
Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.
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