Avaliação: Honda CB 1000 R volta com mais potência e tecnologia; assista
Infomoto
24/11/2018 08h00
A nova Honda CB 1000R oferece a facilidade de pilotagem das clássicas nakeds japonesas dos anos 1970, mas embalada em um design moderno, com componentes topo de linha e boa dose de tecnologia embarcada. A proposta resume o conceito "Neo Sports Cafe" que fez sua estreia na naked de 1.000 cc, apresentada no exterior em 2017, e que desembarca no Brasil no primeiro trimestre do próximo ano.
O conceito Neo Sports Cafe, "procura resgatar as clássicas nakeds da marca, sem ser vintage; e ter bom desempenho, mas sem seguir a receita streetfighter, ou seja, as nakeds derivadas das esportivas", define o italiano Valerio Aiello, chefe de design da Honda Europa, localizada em Roma, capital da Itália. Foi de lá, o berço da nova CB 1000R, que partimos para uma viagem de 350 km pelas rodovias e estradinhas sinuosas ao sul da Toscana para avaliar a nova naked de quatro cilindros da marca japonesa.
O motor é a única coisa herdada da esportiva CBR 1000RR (2008 – 2016). O propulsor de quatro cilindros em linha, 998 cm³, DOHC, é o mesmo que equipava a antiga geração da CB 1000 R, mas recebeu melhorias. Pistões forjados, taxa de compressão mais alta, válvulas com maior abertura e um corpo de borboleta com 44 mm de diâmetro garantiram mais potência: 145 cv a 10.500 rpm, 20 cv a mais do que a antiga CB 1000. Segundo a marca, o torque entre 6.000 e 8.000 giros também cresceu, até atingir o máximo de 10,6 kgf.m a 8.250 rpm.
O câmbio de seis marchas tem relações mais curtas, o que aumenta a sensação de que a nova naked está mais rápida que a anterior – e, segundo a Honda, nas três primeiras marchas, até os 130 km/h, a CB1000R supera a superesportiva CBR 1000RR. A embreagem é assistida e deslizante.
Eletrônica embarcada
Mas foi a adoção de um acelerador eletrônico que permitiu a Honda equipar a CB 1000R com quatro modos de pilotagem – Rain, Standard, Sport e User (personalizável) – que alteram o controle de tração e os níveis do freio motor e da entrega de potência.
No modo "Standard", a CB 1000 R tem um comportamento normal, com entrega de potência suave e menos torque com o acelerador totalmente aberto, mas a atuação do freio motor e do controle de tração ainda são altas. Ao mudar, por meio de um botão no punho esquerdo, para o "Sport", 100% da potência está disponível e girar o acelerador com mais empolgação resulta até em empinadas "involuntárias" com menor intervenção do controle de tração.
Ainda é possível ajustar os parâmetros ao gosto do piloto com o modo User. Já o modo "Rain" (chuva) limita a potência nas três primeiras marchas e aumenta o controle de tração para garantir segurança no piso molhado.
Os modos de pilotagem e os níveis dos controles eletrônicos são informados no painel digital de fundo preto, fácil de visualizar. Conta-giros, velocímetro, marcador de combustível, indicador de marcha e até um simples computador de bordo informa o consumo, que variou entre 18 e 16 km/litro conforme a tocada e as estradas sinuosas no sul da região italiana da Toscana. Nesse ritmo, graças ao tanque de 16,2 litros, poderia rodar até 300 km.
Mais leve e compacta
A Honda adotou um conjunto ciclístico à altura do motor mais potente. O quadro monotrave superior é feito em aço com um belo monobraço de alumínio, que deixa a roda traseira à mostra. O novo conjunto ficou 12 kg mais leve que a anterior e a CB 1000R agora pesa 212 kg em ordem de marcha.
As suspensões contam com garfos invertidos (upside-down) Showa SFF-BF, que oferece ajuste de compressão e retorno no tubo direito, e acerto da pré-carga, no esquerdo. O monoamortecedor traseiro, da mesma marca, também é totalmente ajustável.
O acerto de fábrica foi adequado para encarar as rodovias italianas nem sempre em boas condições. Alguns buracos e ondulações, como nas estradas brasileiras, provaram que o conjunto absorve as imperfeições do piso melhor do que eu previa.
E, mesmo nas curvas mais fechadas, em vias de mão dupla serpenteando as montanhas, o conjunto ciclístico surpreendeu. O trem dianteiro passou confiança para atacar curvas em ritmo mais rápido, mas a traseira se mostrou macia demais nas reacelerações – nada que um ajuste não resolvesse.
Conforto e equipamentos
A posição de pilotagem é típica das nakeds: pedaleiras centralizadas, costas levemente inclinadas, mas com um guidão mais largo, o que deixa a CB 1000 R ágil nas mudanças de direção e fácil de manobrar. O assento é confortável e em quase 200 km não cansou. Incomoda um pouco a ausência de proteção aerodinâmica, como em toda moto naked, principalmente em velocidades mais altas.
Além do painel digital já citado, a CB 1000R conta com sistema de iluminação full-LED. Destaque para o desenho do farol, com um aro externo de iluminação diurna, que "conversa" com a lanterna traseira minimalista.
As rodas de liga-leve têm design elegante com 10 raios e calçam pneus radiais sem câmara nas medidas: 120/70-17, na frente, e o largo 190/55-17, na traseira.
Os freios foram herdados da atual CBR 1000RR Fireblade, com dois discos flutuantes de 310 mm e pinças Tokico de quatro pistões fixadas radialmente, na dianteira; e um disco simples de 265 mm de diâmetro e pinça de dois pistões, na traseira. O sistema ABS de dois canais, diferentemente dos outros controles eletrônicos, não pode ser desligado. O conjunto se mostrou adequado ao peso e ao desempenho da naked.
Mercado
A nova Honda CB 1000R chega ao Brasil no próximo ano, mas o preço ainda não foi definido. O modelo reúne formas elegantes e, de certa forma, surpreendentes para os padrões Honda com o bom desempenho do motor de quatro cilindros e 145 cavalos. Sem falar que, finalmente, traz a eletrônica para mais modelos de rua da marca japonesa.
O sucesso da CB 1000R vai depender do seu preço, pois concorrência é igualmente potente e moderna. A Kawasaki já comercializa a Z 1000 (142 cv) por R$ 55.990, enquanto a Suzuki vende a GSX-S 1000 (150 cv) por R$ 50.536. Ambas têm motor de quatro cilindros e boa dose de eletrônica embarcada.
Para disputar a preferência do consumidor, a nova CB 1000 R, que será montada no Brasil pelo sistema CKD, deverá ter um preço competitivo. O valor estimado deve girar em torno dos R$ 52.000. (texto Arthur Caldeira, de Roma/fotos Gustavo Epifanio e Divulgação)
Honda CB 1000 R
Motor Quatro cilindros em linha, 998,3 cm³, 16 válvulas, DOHC, arrefecimento líquido
Potência máxima 145 cv a 10.500 rpm
Torque máximo 10,6 kgf.m a 8.250 rpm
Diâmetro x curso 75,0 x 56,5 mm
Alimentação Injeção Eletrônica de combustível
Taxa de compressão 11,6 : 1
Sistema de partida Elétrica
Capacidade do tanque 16,2 litros
Câmbio 6 velocidades
Transmissão final Corrente
Quadro monotrave em aço
Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido Showa SFF-BF, com 120 mm de curso e regulagens
Suspensão traseira Monoamortecedor Showa BRFC com 131 mm de curso e regulagens na compressão e na pré-carga da mola
Freio dianteiro Discos duplos flutuantes com 310 mm de diâmetro e pinças radiais de 4 pistões com ABS
Freio traseiro Disco simples com 256 mm de diâmetro e pinça de duplo pistão com ABS
Dimensões (C x L x A) 2.120 x 789 x 1.095 mm
Pneu dianteiro 120/70 – ZR17 M/C
Pneu traseiro 190/55 – ZR17
Altura do assento 830 mm
Altura mínima do solo 135 mm
Entre-eixos 1.455 mm
Peso em ordem de marcha 212 kg
Cores Cinza, preta e vermelha
Preço sugerido não definido (estimativa R$ 52.000)
Infomoto
Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.
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