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Avaliação: Honda X-ADV é misto de scooter e moto aventureira por R$ 52.500

Infomoto

30/07/2018 08h00

Veja até onde chega o scooter aventureiro da Honda; assista ao vídeo

Não é sempre que surgem ideias inovadoras que dão origem a uma nova categoria de motocicletas. Talvez por isso, a proposta da Honda em misturar a praticidade de um scooter com a versatilidade de uma moto aventureira no X-ADV tenha chamado tanto a atenção. X-ADV é "cruzamento" de scooter e moto aventureira

Apresentado em novembro passado no Salão Duas Rodas 2017, o X-ADV esgotou-se antes mesmo de chegar às lojas: as 50 primeiras unidades foram vendidas ainda no evento, mas só foram entregues em abril deste ano. A justificativa só pode mesmo ser a inovação por trás do X-ADV, afinal o preço sugerido de R$ 52.500 não é nada convidativo. Com suspensões de longo curso, modelo encarou até as pedras de Paraty (RJ)

Para conferir, na prática, como é rodar com esse crossover, misto de scooter e trail, levamos o X-ADV para uma aventura no litoral sudeste do País. O roteiro mesclou as escorregadias e irregulares pedras pé-de-moleque da histórica Paraty (RJ), as curvas da Rio-Santos, estrada de terra e até areia na Vila de Trindade. Veja como ele se saiu.

Cruzamento de moto com scooter Piloto vai sentado, mas guidão é largo e posição ereta como em uma trail

Ao montar no X-ADV, percebe-se que ele é, mesmo, um cruzamento (tradução de crossover) entre moto e scooter. Afinal, o piloto vai sentado no banco e com os pés na plataforma, mas a posição de pilotagem é mais ereta e o guidão parece o de uma moto trail, na qual os braços vão flexionados com o cotovelo aberto.

Na hora de dar partida, o X-ADV conta com sistema "Smart Key", a chave de presença, como nos scooters SH 150 e 300 da própria Honda. Basta colocar o chaveiro no bolso e apertar o botão para acordar o motor bicilíndrico de 750cc, o mesmo da NC 750X.  Tecnologia: painel digital, chave de presença e câmbio DCT

A novidade fica por conta do câmbio automático DCT (Dual Clutch Transmission), com dupla embreagem, como nos automóveis de luxo. O sistema funciona no modo automático, que conta com a opção D (drive), com trocas de marchas suaves e em rotações mais baixas, e S (sport) que "estica" as marchas e efetua trocas em giros mais altos. Ainda é possível usar o modo manual, com as trocas feitas por meio de botões (+ e -) no punho esquerdo, mas não há manete de embreagem.

Na teoria, não é igual ao CVT dos scooters, afinal há embreagem automatizada e a transmissão final é feita por corrente. Mas, na prática, acaba sendo a mesma coisa: basta acelerar que o câmbio vai trocando as marchas. Transmissão final é feita por corrente e pneus são de uso misto sem câmara

O casamento entre o DCT e o bicilíndrico do X-ADV funciona muito bem, afinal o motor gira pouco – a potência máxima de 54,8 cv é alcançada já a 6.250 rpm – e as trocas automáticas evitam o corte de giro na faixa vermelha. O modo manual foi bastante útil para reduzir e equilibrar o scooter aventureiro nas muitas curvas da rodovia litorânea.

Ciclística robusta Motor é o bicilíndrico da NC 750X com 54,8 cv de potência e 6,93 kgf.m de torque

Na parte ciclística, o X-ADV puxa mais para uma moto trail. Na dianteira, um garfo invertido com 153 mm de curso; já na traseira, balança monoamortecida com 150 mm. Para se ter uma ideia o curso das suspensões é praticamente o mesmo da NC 750X.

A vantagem é que o X-ADV usa suspensão invertida na dianteira e tem rodas raiadas, aro 17 na frente e 15, atrás. Com aros fixados na parte externa do aro, as rodas usam pneus de uso misto sem câmara, o que faria inveja a muita bigtrail, até mesmo à Honda Africa Twin. Suspensão invertida na dianteira e freios ABS nas duas rodas

E, para minha surpresa, o conjunto de suspensões e rodas trabalharam muito bem no calçamento irregular de Parati. O guidão largo e a posição ereta do X-ADV transmitiram a mesma confiança de uma moto trail e ajudaram a deixar para trás algumas motos street que sofriam para encarar as pedras do centro histórico.

Grandalhão ágil Apesar do porte avantajado, X-ADV vai bem de uma curva à outra

Já a caminho de Trindade, o scooter aventureiro da Honda mostrou desempenho suficiente para acompanhar o ritmo da estrada – a velocidade máxima fica em torno de 180 km/h. A posição de pilotagem é confortável e dá até para esticar os pés na plataforma.

O para-brisa é pequeno, mas pode ser ajustado manualmente em cinco posições e oferece boa proteção aerodinâmica para um piloto de 1,70 m. À minha frente, um grande painel digital recheado de informações, com um conta-giros por barras e o velocímetro com destaque ao centro.  Para-brisa tem ajuste em cinco posições; farol, lanterna e piscas são de LED

Mesmo com o porte avantajado de um maxiscooter e o peso de uma bigtrail (223 kg a seco, em função do câmbio), o X-ADV demonstra agilidade, ao menos para ir de uma curva a outra na estradinha sinuosa até a vila de Trindade. O conjunto é firme, mas tem bom amortecimento.

O câmbio DCT permite reduzir uma marcha para entrar nas curvas com o motor mais cheio e roda traseira no chão. É quase pilotar uma moto, mas sentado em um scooter.

Aventura tem limite X-ADV cruzou até riozinho para chegar à Trindade; boa altura livre do solo ajudou

Antes de chegar à vila de Trindade, é preciso cruzar um pequeno riozinho de pedras. O que seria motivo de preocupação em um scooter não causou transtorno ao X-ADV, afinal não há perigo de entrar água na transmissão CVT e nem no escapamento, pois a ponteira é virada para cima.

Até então, confesso, ele tinha se mostrado mais aventureiro do que eu imaginava. As suspensões não deram fim de curso, nem em algumas lombadas, e eu tinha atravessado um rio de scooter! Na areia fofa, o scooter aventureiro atolou…

Mas tive a ideia de rodar na praia. Havia chovido e a areia fofa da praia de Cepilho parecia ser mais firme do que era. Desci um pequeno caminho entre as pedras, comecei a acelerar. Minha alegria durou poucos metros até o X-ADV atolar. Pesado demais e com pneu traseiro de 160 mm, a aventura chegou ao limite. Difícil saber se uma moto trail, mais leve e com pneu mais estreito, teria se saído melhor. O jeito foi cavar para desatolar.

Na terra Bom torque do motor e posição de pilotagem ajudam a enfrentar estradas de terra

Mas ainda faltava experimentar o scooter aventureiro na terra. Segui viagem até a praia de Prumirim, em Ubatuba, já no Estado de São Paulo. Da rodovia à praia há uma estrada de terra esburacada de aproximadamente cinco quilômetros.

O bom torque do motor e os pneus de uso misto permitem derrapadas divertidas, dignos de uma moto com vocação off-road. Apesar do peso, o X-ADV seguia bem até encontrar alguns buracos cobertos por poças d'água: aí então as suspensões encontraram seu limite e deram "fim de curso". O jeito foi reduzir a velocidade, como teria de fazer em qualquer moto crossover, como a NC 750X ou a CB 500X.

X-ADV surpreende Modelo vai aonde outros scooters não vão

Surpreendente. Assim posso resumir minha experiência com o X-ADV. Ele é mais aventureiro do que imaginava e seu comportamento se assemelha muito a de uma moto de verdade. E, de quebra, com o conforto e a praticidade de um scooter. Pode não ser uma bigtrail, mas surpreende.

A mais nova geração do câmbio DCT proporciona trocas de marchas imperceptíveis e é muito fácil de usar, além de ter casado bem com o motor bicilíndrico de baixos giros e bom torque. Sem falar nas vantagens do espaço sob o banco, que comporta um capacete fechado e tem tomada 12V para recarregar um celular. A plataforma protege os pés da sujeira e até da areia… Embaixo do banco cabe um capacete fechado, como nos scooters, e há uma tomada 12V

Difícil avaliar se vale a pena pagar os R$ 52.500 que a Honda pede pelo scooter. Importado, seu preço acaba sendo afetado pelos altos impostos, mas nem mesmo na Europa ele é "barato". Custa 11.700 euros (R$ 51.000) em Portugal, mais caro até que a NC 750X com DCT, vendida por 8.490 euros (R$ 37.000). X-ADV surpreende: é mais divertido e aventureiro do que parece

Mas, se você tem essa grana e procura uma moto surpreendente, que oferece as facilidades de um scooter com a versatilidade de uma trail, "mais vale um gosto do que dinheiro no bolso", já diz o ditado. E saiba que, em função do sucesso, mais três lotes do X-ADV devem desembarcar no Brasil até o final do ano. (texto: Arthur Caldeira / fotos: Caio Mattos/Honda)

Honda X-ADV
Motor Dois cilindros em linha, OHC e arrefecimento líquido
Capacidade cúbica 745 cm³
Diâmetro x curso 77 x 80 mm
Taxa de compressão 10,7: 1
Potência máxima 54,8 cv a 6.250 rpm
Torque máximo 6,93 kgf.m a 4.750 rpm
Sistema de alimentação Injeção Eletrônica
Câmbio 6 velocidades de dupla embreagem (DCT)
Sistema de partida Elétrica
Chassi Diamond em aço
Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido com 153 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecedor fixado por links com 150 mm de curso
Freio dianteiro Disco de 296 mm de diâmetro ABS
Freio traseiro Disco de 240 mm de diâmetro ABS
Pneu dianteiro 120/70 – 17
Pneu traseiro 160/60 – 15
Comprimento x Largura x Altura 2.245 x 910 x 1.375 mm
Distância entre-eixos 1590 mm
Distância mínima do solo 165 mm
Altura do assento 820 mm
Capacidade do tanque 13,1 litros
Peso seco 223 kg
Cores disponíveis Branco ou prata
Preço R$ 52.500 (base Estado de São Paulo)

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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