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Nova Dafra Next aposta em motor de 300cc para incomodar Twister e Fazer

Infomoto

21/07/2018 08h00

Naked tem motor com arrefecimento líquido de 27 cv e custa R$ 14.590

A Dafra buscou uma fórmula conhecida para colocar a Next novamente como uma opção no segmento de motos street de 250/300cc. Para enfrentar a última geração da Honda CB Twister 250 e a nova Yamaha Fazer 250 ABS, a Next ganhou um motor de maior capacidade e 27 cv de potência máxima, além de cores e grafismos inéditos, e sistema de freios combinados – uma exigência da legislação a partir do próximo ano. Next tem freio a disco nas duas rodas e sistema combinado

A missão é complicada, pois o modelo Honda de 250cc é a sexta moto mais vendida neste ano e o design completamente novo ajudou a Fazer ABS a chegar na 13ª colocação no ranking. Mas o preço é outro atrativo da Dafra. A nova Next 300 tem preço sugerido de R$ 14.590 – um pouco inferior ao valor da Twister (R$ 15.530) e da Fazer (R$ 15.290), ambas com ABS, um opcional não disponível na Next. Motor maior e mais potente são diferenciais do modelo Dafra

A diferença é pequena, mas a street da Dafra tem ainda motor com refrigeração líquida mais potente (27 cv) e câmbio de seis marchas – a Yamaha ainda usa caixa de cinco velocidades. Isso não significa que a Next seja melhor que as concorrentes por isso. Mas as mudanças fizeram com que a Next voltasse a ser uma opção a ser considerada nessa faixa de preço e cilindrada.

Visual cansado Novos grafismos e algumas partes pintadas são as únicas mudanças no design

Na parte visual, a Next 300 não mudou muito, para não dizer quase nada. Manteve as carenagens e o farol poligonal da primeira geração. Há também um spoiler sob o motor e grandes aletas laterais, que escondem o radiador. A diferença é que as aletas e as tampas laterais agora são pintadas de outra cor. Na unidade avaliada, a vermelha, as peças ganharam um acabamento cinza fosco.

Embora seja praticamente a mesma moto de antes visualmente, é impressionante a diferença que as cores e os novos grafismos fazem. Não foram poucos os motociclistas que perguntaram se essa era a nova Next 300 e comentaram como ela ficou mais bonita. Painel é completo, mas é o mesmo da antiga Next 250

Painel e sistema de iluminação são os mesmos. A lanterna traseira usa LEDs, mas o farol dianteiro não. Na minha opinião, o modelo merecia um face-lift que acompanhasse a mudança no motor e também piscas mais bonitos. A luzes de direção da Next são muito grandes e destoam do conjunto.

Motor potente e vibrante Novo motor de 278 cc vibra em altos giros e consumiu 26,4 km/litro

Desde quando chegou ao Brasil em 2011, o motor com arrefecimento líquido sempre foi um diferencial da Next. Agora o monocilíndrico com comando simples no cabeçote e quatro válvulas passou de 249,5 para 278 cm³. O aumento de capacidade é a receita mais comum para se obter melhor desempenho.

Alimentado por injeção eletrônica, a potência máxima passou de 25 para 27 cv a 9.250 rpm. Número melhor do que Fazer (21,5 cv) e Twister (22,6 cv) com etanol, já que ambas são flex, mas a Next "bebe" somente gasolina.
No trânsito urbano, o motor maior da Next também se aproveita do bom torque – 2,65 kgf.m a 6.500 giros – para evitar muitas trocas no câmbio de seis marchas. Há força suficiente para rodar em segunda, terceira marcha em baixos giros e ter boas retomadas. Câmbio de seis marchas permite aproveitar bem o torque na cidade

A embreagem é macia, mas o engate das marchas poderia ser mais suave. Em algumas trocas foi preciso aplicar uma força maior no pedal para a marcha "entrar". Pode ser que com o tempo isso melhore, já que a unidade testada tinha apenas 400 km.

O consumo, predominantemente em uso urbano, foi de 26,4 km/litro – razoável para a categoria, porém acima das médias das concorrentes que fazem em torno de 30 km/l. Como o tanque da Next tem capacidade para 14 litros, a autonomia supera os 300 km.

Em um curto trecho de rodovia, o desempenho do motor correspondeu às expectativas. Chega-se facilmente aos 120 km/h e parece haver fôlego para velocidade maiores. Mas nessa situação, que obriga o motor a girar mais, aparece um dos pontos negativos da street da Dafra: a vibração. Sentida principalmente nas pedaleiras, pode se tornar um incômodo em trajetos mais longos.

Urbana Next 300 mostrou-se ágil na cidade, apesar do peso (167 km) elevado

Porém, se a ideia for usar a Next 300 na cidade, o modelo cumpre com sua proposta. A posição é confortável e o banco bipartido oferece bom espaço para o piloto e para a garupa. O guidão alto tem boa alavanca e a Dafra parece ter corrigido outro problema do modelo. As primeiras unidades vendidas no Brasil tinham um ângulo de esterço muito limitado, o que comprometia manobras em baixa velocidade e dificultava a tarefa de "costurar" entre os carros no trânsito pesado de uma cidade como São Paulo.

Nesse novo modelo, não enfrentei essa questão. A nova Next 300 parece estar mais à vontade nas mudanças de direção. Entretanto, a Dafra não informou se houve alterações na geometria do quadro. Pneus da Next 300 são radiais e sem câmara – 110/70-17 (D) e 130/70-17 (T)

Uma mudança bem-vinda está nos pneus. A Next 300 testada usava Pirelli Diablo Rosso II radiais e sem câmara, medidas 110/70 (diant.) e 130/70 (tras.), nas rodas de liga-leve de 17 polegadas. A construção radial oferece mais segurança, principalmente em altas velocidades e também garante mais agilidade nas curvas.

O conjunto de suspensões também se mostrou adequado para nossas ruas e estradas. O garfo telescópico convencional na dianteira e a balança monoamortecida encaram bem o asfalto ondulado e malcuidado da capital paulista. Banco bipartido é confortável; logo em alto relevo é novidade

Já o sistema de freios combinados – com disco nas duas rodas – se mostrou um pouco brusco demais. Ao pisar levemente no pedal de freio traseiro, o sistema hidráulico da Dafra não aciona a pinça dianteira. Mas ao carregar na força do pé, a transferência de peso para a dianteira não é progressiva. Em algumas oportunidades, levei um susto porque a dianteira afundou demais ao frear a traseira.

Mas, em geral, os freios, que ganharam pinça de fixação radial na dianteira, dão conta de parar os 167 kg a seco da Next 300 – um peso bem elevado se comparado às concorrentes.

Conclusão A Dafra ficou devendo um design mais atual na Next 300

Com um acabamento mais atrativo, a Next 300 chama a atenção no trânsito. O motor arrefecido a líquido tem bom desempenho para a categoria, mas vibra demais em altos giros e seu consumo foi maior do que o esperado. Na verdade, foi o mesmo obtido com o antigo modelo de 250cc.

A nova geração, mais potente e com freios melhores, volta à disputa do segmento de streets 250/300cc. Com preço levemente inferior às concorrentes, a Next 300 também é apontada por muitos motociclistas como uma moto "menos visada" do que os modelos Honda e Yamaha. Talvez por seus números de venda serem inferiores, o que evitaria o roubo para a comercialização de peças.

Mas, sinceramente, acredito que um novo visual poderia tornar o modelo da Dafra mais atraente ao consumidor. A Honda Twister, lançada em 2015, e a nova Yamaha Fazer, lançada no Salão Duas Rodas 2017, têm design mais moderno, o que pode pesar na hora da decisão de qual moto comprar. (texto: Arthur Caldeira / fotos: Renato Durães)

Dafra Next 300 Ficha Técnica

Motor monocilíndrico, SOHC, 4 válvulas, com refrigeração líquida
Capacidade cúbica 278 cm³
Potência máxima 27 cv a 9.250 rpm
Torque máximo 2,65 kgf.m a 6.500 rpm
Alimentação Injeção eletrônica
Capacidade do tanque 14 litros
Câmbio 6 velocidades
Suspensão dianteira Garfo telescópico com 125 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecedor com 110 mm de curso
Freio dianteiro Disco simples de 287 mm com pinça radial de dois pistões
Freio traseiro Disco simples de 220 mm com pinça de um pistão
Chassi tipo Diamante
Dimensões (C x L x A) 2.005 mm x 790 mm x 1.050 mm
Altura do assento 790 mm
Altura mínima do solo 170 mm
Entre-eixos 1.335 mm
Peso a seco 167 kg
Cores Vermelha e preta
Preço público sugerido R$ 14.590

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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