Rodamos com a Yamaha R3 de rua e de pista; veja as diferenças
Infomoto
13/05/2018 08h00
A Yamaha YZF-R3 tem feito sucesso nas ruas e estradas do Brasil. Em 2017, foram vendidas 1.255 unidades, superando sua principal concorrente, Kawasaki Ninja 300. Agora, a miniesportiva da Yamaha também quer fazer sucesso nas pistas de corrida. Para isso foi criada a categoria R3 Cup, dentro do Campeonato de motovelocidade Superbike Brasil, que entra em seu segundo ano. Com poucas modificações, a R3 vai para a pista formar futuros pilotos e divertir os mais experientes, que não querem gastar muito.
A convite da Yamaha, fomos para o autódromo de Interlagos acelerar a Yamaha R3 Cup, da categoria stock, que permite poucas modificações. Apenas o básico para rodar na pista. A primeira mudança é a retirada de tudo o que não é necessário em uma corrida, como farol, lanterna, piscas, espelhos retrovisores e suporte de placa. A versão R3 Cup ganha novas carenagens, pedaleiras esportivas, guidão Racing e câmbio invertido, ou seja, com a primeira marcha para cima e as demais para baixo.
Baixo custo
As alterações visam reduzir o peso, aprimorar a posição de pilotagem e também facilitar a manutenção, explica Alan Douglas, ex-piloto que hoje é tutor dos jovens talentos escolhidos para a equipe Yamaha Playstation, que disputa a categoria Stock da R3 Cup. "O gasto estimado com as alterações é de cerca de R$ 5.000. Um custo baixo se comparado a outras categorias", garante Douglas.
A moto também pode ser adquirida por meio do programa bLU cRU de incentivo ao esporte. A fabricante japonesa oferece subsídio na compra de uma Yamaha YZF R3 0km ao preço de R$ 15.200,00 – desconto de quase 35% – para os primeiros 40 pilotos que forem disputar a temporada. Peças de reposição (mediante troca) têm desconto de 20% a 60% sobre o Preço Público Sugerido.
Na parte mecânica, a única alteração é a instalação de uma ponteira de escapamento esportiva, a troca da coroa traseira e da corrente da transmissão final, por outra mais larga e sem retentores. "Tudo para facilitar a manutenção e substituir a corrente sem ter que retirar a balança traseira", explica Nailton Costa, mecânico responsável da equipe.
Mas Costa explica que não é permitido remapear a central eletrônica ou fazer alterações internas no motor em respeito ao regulamento, que visa promover equilíbrio e baratear os custos de participação. "Após as provas é feita uma vistoria e a moto de pista não pode ter mais de 42 cavalos de potência", avisa. Quem desrespeitar a regra é desclassificado.
Na pista
Após as explicações técnicas sobre a R3 Cup era hora de entrar na pista. Primeiramente, com a Yamaha R3 original, igual a que você pode adquirir nas concessionárias da marca. Mesmo sem as mudanças, a miniesportiva já é divertida. Embora suas suspensões não tenham regulagens (apenas pré-carga da mola traseira), até que vão bem nas pistas. Pelo peso excessivo, a traseira da R3 "quica" demais, mas os pneus radiais sem câmara Pirelli Diablo Rosso II fazem bem seu trabalho.
Mas logo ao montar na R3 Cup, preparada para pista, já se notam as diferenças. Os dois semiguidões racing são fixados abaixo da mesa de direção. As novas pedaleiras ficam mais recuadas e, com isso, a posição de pilotagem fica ainda mais esportiva.
Na hora de arrancar, o cérebro precisa se acostumar com o câmbio invertido. Primeira para cima e saio dos boxes. Para subir as outras cinco marchas é preciso pisar no pedal – isso é necessário, pois em algumas curvas, a inclinação é tanta que não se consegue colocar a bota por baixo para trocar as marchas. Depois de uma volta, parece que a "chave" muda e logo me acostumei.
Subindo as marchas na curva do sol, "torço o cabo" de acelerador na entrada da reta oposta. Ao final, o velocímetro marca 178 km/h, antes do ponto de frenagem. A proteção aerodinâmica é maior do que no modelo original. E é mais percebida nessa velocidade.
Todas as carenagens originais são substituídas por outras, feitas em fibra de vidro, mais leve e com uma bolha mais alta. A retirada das peças supérfluas e a troca da carenagem fazem a R3 perder cerca de 15 kg em comparação ao modelo de rua, que pesa 167 kg em ordem de marcha. Isso por si só já "melhora" o desempenho do modelo e reforça a sensação de que a R3 Cup anda muito mais.
Os freios dão conta do recado. Com mangueiras em malha de aço (aeroquip), mas pastilhas e discos originais, não demonstraram fadiga nas poucas voltas na pista. As suspensões parecem funcionar melhor e a traseira não pula tanto – segundo o mecânico Costa, o peso menor da versão de pista contribui para isso.
Desempenho surpreende
A velocidade máxima, alcançada pelos pilotos da equipe Yamaha Playstation, todos jovens com idades entre 12 e 16 anos, é de pouco mais de 190 km/h na reta dos boxes. Nos treinos classificatórios para a primeira etapa, Kaywan Freire foi o mais rápido da categoria Stock da R3 Cup com o tempo de 1 min 59,710 seg – só como comparação, na categoria Supersport de 600cc, Ton Kawakami foi o pole-position com 1 min 42,040 seg com uma Yamaha YZF-R6 de 118 cv de potência.
A diferença de tempo era esperada. Afinal, Interlagos tem dois trechos de alta. Além da reta oposta, a subida do café e a reta dos boxes exigem o máximo do motor de dois cilindros, 321 cm³, DOHC com refrigeração líquida. Após a curva da junção, o torque de apenas 3,02 kgf.m faz com que a R3 Cup demore a ganhar velocidade. Entretanto, no "miolo" com curvas mais travadas, a miniesportiva é diversão garantida.
A categoria R3 Cup ainda tem a categoria PRO, na qual mudanças nas suspensões e freios são permitidas. Porém, a diferença de tempo não é assim tão grande – cerca de dois segundos – provando que, quase "original", a miniesportiva da Yamaha já oferece um com pacote para rodar na pista.
Mais acessível do que com motos maiores, a categoria R3 Cup ajuda a formar novos pilotos e ainda é uma boa ideia para quem quer se divertir e acelerar no lugar certo: uma pista de corrida. (Por Arthur Caldeira)
Infomoto
Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.
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