Vencedor de "Rally da Economia" roda 79 km com 1 litro de gasolina
Infomoto
03/08/2016 12h22
"Quantos quilômetros uma motocicleta consegue percorrer com apenas um litro de gasolina?" Essa foi a pergunta que motivou a Yamaha a promover em conjunto com sua concessionária Geração de Florianópolis (SC) o 1º Rally da Economia. Para responder a essa pergunta fui convidado pela fábrica a participar do desafio com outro jornalista e mais nove clientes da marca em 24 de julho, um ensolarado e frio domingo na capital catarinense. A disputa, feita com o modelo YBR Factor 150, era simples: rodar até o combustível acabar em um percurso de 1 km ao redor da concessionária. Confesso que estava bastante curioso para descobrir quanto essa econômica street com motor de um cilindro e injeção eletrônica era capaz de rodar: em nossa avaliação, publicada aqui em UOL Carros, nossa média foi de 40,5 km/l.
A mecânica do Rally da Economia era simples: cada motociclista podia rodar da maneira que quisesse sem sair do percurso até a moto falhar. Não valia empurrar a Factor 150, nem dar impulsos com o pé, mas era permitido parar em caso de necessidade e depois voltar a rodar. Para que a disputa fosse justa todas as motocicletas foram vistoriadas. "Os técnicos e mecânicos da própria Yamaha verificaram o filtro de ar, escapamento, vela, as medidas dos pneus e da relação. As calibragens também foram as mesmas, utilizando o padrão indicado pela Yamaha no Manual do Proprietário. Quanto ao combustível, as motocicletas tiveram seus tanques esvaziados, e na sequência abastecemos todas as motocicletas com exatamente 1 litro da mesma gasolina, proveniente do mesmo fornecedor. Ou seja, estava tudo igual para todos", explicou Ricardo Malaman, supervisor de serviços da Yamaha Motor do Brasil.
A estratégia era livre para cada piloto. Eu acreditava que rodar em terceira, quarta marcha no máximo, e acelerava até que a luz "ECO" do painel acendesse. Ou seja, os giros estavam em torno de 2.000, 3.000 rpm e a velocidade variava entre 24 e 30 km/h, no máximo. Ainda havia um leve declive na rua, onde eu punha o câmbio no neutro e voltava a engatar a terceira marcha assim que a velocidade caía para menos de 20 km/h. Pensava que assim poderia rodar mais do que os 40,5 km/l que tínhamos conseguido em nosso teste.
Ledo engano. Quando havia rodado cerca de 37 km, a moto começou a falhar. Parei, balancei um pouco a moto para que a gasolina chegasse à bomba de combustível – tudo válido pelo regulamento e conferido de perto por fiscais espalhados pelo percurso – e consegui dar uma nova partida. Mais dois quilômetros e nova falha; outra balançada e consegui rodar somente 41 km/litro. Praticamente o mesmo que em condições normais de uso na cidade de São Paulo.
Já outros pilotos adotaram estratégias diferentes e foram bem mais econômicos do que eu. O vencedor, Brando Dutra de Souza, que ganhou um novo capacete Shark, rodou 79 km (isso mesmo, quase 80 km) com somente um litro. "Eu fiquei surpreso com o resultado. Já sabia que a Yamaha era muito econômica, mas fazer 79 km foi uma surpresa. Eu não usei nenhuma técnica especial, só rodei suavemente, mantendo uma marcha alta, quarta, quinta, e variando a velocidade entre 30 e 40 km/h", explicou Brando, que levou 2h45 min para cumprir o desafio. E para quem duvida, eu garanto: ele rodou tudo isso mesmo. Eu estava lá para ver, afinal quem não gostaria de ganhar um capacete novinho?
Mas por que eu rodei tão menos? Primeiramente, poque faltei a algumas aulas de física: minha velocidade média foi muito baixa, o que consequentemente fez eu percorrer uma distância menor, afinal V (velocidade) = Δ s (a variação de espaço) / Δ t (variação de tempo), ou seja, quanto maior a velocidade você vai percorrer uma distância maior no mesmo tempo. A solução seria acelerar tudo, então? Claro que não! O ideal era encontrar uma velocidade média na qual você gastasse o mínimo de combustível e conseguisse percorrer um intervalo de espaço maior… e talvez seja o que Brando encontrou.
Mas meu raciocínio estava errado em outros dois pontos: primeiro que eu deveria ter escolhido uma marcha mais alta, como o vencedor. Em marchas mais altas, o motor gira menos para transferir a mesma "força" à roda traseira. Meu outro erro foi esquecer que, mesmo no neutro, o sistema de injeção eletrônica injeta certa quantidade de combustível na câmara de combustão para resfriar o cilindro. Isso acontecia enquanto eu perdia velocidade (olha a física aí de novo) e tinha que acelerar mais para retomar, e consequentemente, gastava mais. Agora eu aprendi. E espero que vocês também. (Por Arthur Caldeira)
Infomoto
Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.
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