30 dias com a Iron: veredicto
Infomoto
10/06/2014 17h35
Já se passaram 30 dias com a Harley-Davidson Iron 883. Durante esse período, rodamos exatos 1.289 km com essa estilosa integrante da família Sportster, a linha de motos da marca americana equipada com o motor Evolution. Um V2 que, no caso da Iron, tem 883 cm³. Todos os integrantes da INFOMOTO rodaram pelo menos uma vez com essa Harley, mas fui eu quem fez a maior quilometragem com a moto.
Nestes mais de 1.200 km, a Iron teve consumo médio de 19,5 km/litro. Já que seu tanque tem capacidade para 12,5 litros, a autonomia fica em torno de 240 km. Como não há marcador de combustível na Iron, tinha de contar com o hodômetro parcial (há dois) e nas médias anteriores para saber quando abastecer, pois a luz de reserva acendia bem antes disso, aos 170 km. Logo de cara, a Iron mostra sua baixa autonomia e confirma sua vocação urbana ou para viagens mais curtas, já que em uma jornada mais longa seriam necessárias várias paradas para abastecimento.
Mas é importante ressaltar que o consumo varia bastante conforme a tocada – aliás, como em todas as motos. Mas isto na H-D Iron 883 fica mais evidente. Se você sai arrancando forte nos semáforos e faz o motor girar alto, ela pode gastar até 15 km/l. Além disso, a vibração em altos giros incomoda, o peso da moto exige frenagens bruscas e a suspensão sofre.
Mas com tanto estilo, a Iron exige uma tocada mais suave, mais "leve", sem girar tanto o acelerador, aproveitando mais o torque do motor V2 para circular em marchas mais altas e com giros mais baixos. O motor não fica tão esgoelado, as vibrações diminuem e aparece o prazer de pilotar uma Harley – para aqueles que curtem, é claro! E nessas condições, o consumo pode chegar a até 22 km/l.
Em resumo, não dá para você rodar com essa Iron 883 como se ela fosse uma naked quatro cilindros: acelerando na saída de um semáforo e freando com tudo no seguinte. O espírito é mesmo uma tocada mais tranquila, curtindo a moto, quase desfilando. Até porque suas suspensões sofrem bastante em ondulações no asfalto e, principalmente, nas valetas em cruzamentos. Uma das sanfonas que cobrem o garfo dianteiro rasgou e só notei isso ao devolver a moto. Segundo um técnico da própria Harley-Davidson, isso foi causado porque a suspensão chegou ao fim de curso diversas vezes. Embora tenha rodado com o máximo cuidado para evitar que isso acontecesse.
Além dessa avaria, as duas braçadeiras de um dos canos de escapamento se romperam. Logo no início do teste uma perdeu-se na estrada e, depois, a outra também se quebrou. A causa, de acordo com a Harley, foi alguma pancada em lombadas ou curvas quando a peça raspa no chão – embora eu não tenha visto sinal de pancadas na peça e posso afirmar que não varava lombadas com a Iron. Entretanto, o modelo não apresentou nenhum problema mecânico, ou seja, no motor, durante o teste.
Conclusão
A escolha da Iron para protagonizar esse segundo "Teste dos 30 dias", deu-se em função de sua vocação urbana e também porque acreditávamos que ela seria a única Harley que poderia ser usado diariamente para se locomover dentro da cidade e também encarar viagens mais curtas.
Dentro dessa proposta, a H-D Iron saiu-se bem, mas com algumas ressalvas. A primeira delas é a falta de praticidade do modelo, que não traz banco para garupa. Para quem, como eu, ando todos os dias de moto isso acaba se tornando um incômodo. A outra questão é seu conjunto de suspensões: muitas vezes chegam ao fim de curso em valetas e ondulações. Mesmo quando rodando com mais tranquilidade, vez ou outra, o sistema bichoque na traseira dava uma batida seca e transferia o impacto para a coluna do piloto. E o garfo telescópico convencional também batia no fim de curso nas valetas, mesmo em baixa velocidade, afinal a Iron é a mais leve das Harley, mas não é uma moto leve.
Minha opinião: se você é fã de Harley-Davidson e procura uma motocicleta urbana para rodar no dia-a-dia, a Iron é uma boa opção. Cheia de estilo, tem motor V2 e chama a atenção por onde passa. Agora, se você nunca teve uma Harley e é um motociclista "heavy-user", ou seja, roda todos os dias e para todos os lugares com sua moto, há outras opções mais práticas e versáteis para aguentar a pauleira do dia-a-dia. Mas tudo é uma questão de gosto e de bolso. Até porque as motos Harley nasceram para serem personalizadas ou customizadas. (Por Arthur Caldeira)
Infomoto
Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.
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