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Triumph aposta suas fichas no Brasil

Infomoto

09/10/2012 15h36

Fábrica 2 em Hinckley, Inglaterra, onde ficam os escritórios e as linhas de montagem

O mercado de motocicletas acima de 500 cc caiu pela metade em todo o mundo desde a crise financeira mundial em 2008. Em 2007 as vendas nesse segmento alcançaram 1.300.000 unidades. No ano passado, esse número ficou em torno de 700.000. Por outro lado, a Triumph cresceu no período. Se, há cinco anos, a fábrica inglesa vendeu 39.664 motocicletas, no ano fiscal de 2011 foram 48.062 motos Triumph comercializadas.

Relativamente pequena se comparada às japonesas e focada somente no mercado de motos grandes, leia-se acima de 500 cc, a Triumph Motorcycles já conta com cinco fábricas em todo o mundo – duas em Hinckley, na Inglaterra, e outras três na Tailândia. E prepara outra em Manaus (AM), onde serão montados três modelos pelo sistema CKD (complete knocked down): além da Tiger 800XC, confirmada hoje pela marca, descobri ainda que a Daytona 675 deverá ser nacionalizada e ainda apostamos na emblemática naked Speed Triple 1050. Além disso, serão vendidos modelos importados.

Flagramos a Tiger 800 sendo desmontada na fábrica inglesa para ser despachada e montada no Brasil

Analisando as últimas duas décadas de atuação da empresa, é fácil compreender o sucesso da "moderna" Triumph, chamada de era John Bloor pelos funcionários e fãs da marca – John Bloor foi um empresário do ramo da construção civil que adquiriu o nome Triumph. Até 1990, Bloor investiu tempo e dinheiro para entender o negócio de motocicletas e construiu uma fábrica em Hinckley, a 22 quilômetros da antiga sede da empresa.

"Uma das principais mudanças da Triumph atual para antiga fábrica foi a modernização dos processos industriais. Um dos aprendizados de John Bloor antes de reativar a empresa foi visitar as fábricas orientais: como produzir motos de qualidade em escala industrial", revela Paul Stroud, diretor de marketing e vendas da Triumph Motorcycles. A globalização da produção e o investimento na modernização dos processos permitiram à Triumph crescer para novos mercados.

Do ponto de vista comercial e de marketing, Paul Stroud, oriundo da indústria automotiva e ex-diretor da Harley-Davidson na Inglaterra, aponta três razões para o sucesso recente: "constante atualização dos modelos e lançamento de novas motos, mudança na estrutura dos revendedores e excelência no atendimento ao cliente".

Como exemplo cita a Bonneville, até hoje no line-up da marca: "a Triumph fez a primeira Bonneville em 1959 e dependeu praticamente só dela para se manter até a década de 1970. O resultado vocês conhecem", declara.

Tiger 800 XC, Bonneville T100 e Street Triple (da esq. p/ dir.). A Triumph deverá trazer ao País a Tiger 800 em  sua versão XC, além da Bonneville T 100 e a Speed Triple, irmã anabolisada da Street Triple

Na última década, por exemplo, a Triumph adentrou em diversos novos segmentos: lançou a bem sucedida superesportiva média Daytona 675 em 2006, que logo em seguida deu origem à naked Street Triple também de 675 cc. Acessível e versátil, a Street Triple era até ano passado o modelo de maior sucesso. Até o lançamento da Tiger 800, em 2010, que já ocupa o posto de modelo Triumph mais vendido no mundo.

Orgulhoso de contar com 240 funcionários no seu departamento de design, Simon Warburton, gerente de produtos da Triumph, há 17 anos na empresa, diz que sua equipe busca explorar as plataformas. Caso da Daytona e Speed Triple, e com o recente lançamento da Explorer XC, uma versão mais aventureira da bigtrail Explorer de 1200 cc. "A grande variedade de motocicletas no line-up diminui os riscos da empresa. Acabamos com aquela história de colocar todos os ovos na mesma cesta", explica ele.

Bigtrail Tiger Explorer 1200 tem muita eletrônica embarcada e motor de três cilindros

Além do investimento em novos modelos e em lojas conceitos para melhor atender ao cliente, a Triumph coloca a expansão para novos mercados como fundamental para continuar crescendo. "Acreditamos que o Brasil tem potencial para alcançar os principais mercados europeus em vendas", revela Paul Stroud.

Para isso, a empresa tem uma linha de montagem em Manaus (AM), que já produziu alguns modelos para teste, entre eles a Tiger 800. Em visita à fábrica 2 em Hinckley, Inglaterra, já era possível ver diversas caixas com a bigtrail de 800 cc desmontada e com destino ao Brasil – a Triumph confirmou a chegada da Tiger 800 XC, versão mais aventureira do modelo. Apuramos que o segundo modelo a ser montado por aqui será a esportiva Daytona 675. Além disso, a empresa terá concessionárias em grandes cidades do País, como São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e Porto Alegre e ainda um armazém de distribuição de peças.

Sem dar mais detalhes sobre a operação brasileira, que deve ser oficializada ainda este mês, o atual CEO da Triumph, Nick Bloor, afirma que "já começaram a estocar peças", principalmente para atender aos antigos clientes da marca que estão há dois anos sem atendimento – desde o imbróglio que envolveu a Harley-Davidson e o Grupo Izzo, que também revendia as motos Triumph, os consumidores da marca inglesa estão "desamparados". (texto e fotos: Arthur Caldeira, de Hinckley, Inglaterra)

Bigtrail Tiger 800 desmontadas na fábrica da Triumph – modelo será montado por CKD no Brasil em sua versão XC

 

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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