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Coronavírus: como entregadores devem proteger capacetes e outros itens

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03/04/2020 04h00

Alta demanda por entregas durante o isolamento social, exige cuidado redobrado com a higiene 

Enquanto muita gente está isolada durante a pandemia de covid-19,  os entregadores e motoboys estão rodando sobre duas rodas carregando remédios, refeições e outros itens para que as pessoas não precisem sair de casa. Esses profissionais continuam realizando entregas, não apenas porque não podem parar de trabalhar, mas porque são essenciais nesse momento, contribuindo para que haja menos circulação de pessoas nas ruas.

Exatamente por isso, precisam adotar novos hábitos no seu dia-a-dia para se proteger do novo coronavírus. "Os motoboys têm alto risco de contágio", afirma a doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo, Maria Maeno. Médica e pesquisadora da Fundacentro, a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, órgão do governo federal, Maeno alerta que, além do risco de contrair a doença, esses trabalhadores podem passar para seus familiares, que vivem na mesma casa, aumentando a cadeia de transmissão.

"Muitos infectados são assintomáticos, ou seja, não apresentam sintomas da doença. É importante que todos estejam conscientes de que podem transmitir o vírus", alerta a médica. Em entrevista por telefone, a Dra. Maeno deu algumas dicas práticas de assepsia e mudanças de comportamento para que entregadores e motoboys se protejam do novo coronavírus, e evitem transmitir a doença. Confira.

Sem galeraEvite ficar nos pontos onde os entregadores normalmente se aglomeram 

A primeira dica da Dra. Maeno para os entregadores e motoboys é a mesma que vale para todo mundo. Evite aglomerações. Isso porque em muitas cidades esses profissionais ficam reunidos em pontos de grande demanda. A médica recomenda evitar esses lugares e manter distância dos colegas.

"É bom evitar falar alto, gritando, porque a chance de a pessoa soltar gotículas quando grita é maior", explica a Dra. Maeno. Não se esqueça de ficar distante de outros entregadores quando for retirar pedidos em restaurantes com grande demanda. E lavar bem as mãos com água e sabão, sempre que possível. Além de evitar tocar a boca, o nariz e os olhos durante o trabalho.

Moto sempre limpaPasse álcool 70% ou solução com água sanitária nas manoplas e manetes para higienizá-los

A maioria dos entregadores vai trabalhar com seu próprio veículo – moto ou bicicleta – e, portanto, não têm de enfrentar o transporte público. Mesmo assim, é importante se preocupar com o próprio transporte individual – e com a pilotagem segura. A médica recomenda limpar as manoplas e manetes da moto e bicicleta com álcool frequentemente. "Na falta do produto, uma solução de água sanitária diluída também serve", explica a médica. Ela se refere à orientação do Conselho Federal de Química, que indica usar água sanitária, na qual o princípio de cloro ativo seja de 2% a 2,5%, diluída em água.

Usando como medida um copinho de café, de 50 ml, se utiliza metade dessa quantia (25 ml, portanto), dissolvida em um litro d'água, para obter uma solução diluída capaz de eliminar o coronavírus da superfície de mesas, maçanetas, chaves, embalagens e produtos trazidos do supermercado, por exemplo. Isso também vale para limpar a mochila, geralmente utilizada pelos entregadores.

CapaceteNão empreste seu capacete nem largue-o sob muros e outras superfícies

O capacete também merece atenção. O item, obrigatório, deve estar sempre higienizado – veja dicas para mantê-lo limpo – e nunca deve ser emprestado a ninguém. Ainda mais durante a pandemia de covid-19. Um pano com álcool pode ser um paliativo para o casco, mas o ideal mesmo é lavar o forro interno com água e sabão. Retire o forro e esfregue com uma escova de cerdas macias para não danificar o tecido. Durante as entregas e retiradas, evite deixar seu capacete em qualquer lugar, apoiado em superfícies como muros ou no chão. Evite tocar a parte interna com as mãos, da mesma forma que você evita tocar seu rosto.

Na hora da entregaApps estão incentivando pagamento digital e oferecendo opção de entrega sem contato físico

Um dos momentos da rotina desses trabalhadores que exige mais atenção é na hora de fazer a entrega. Segundo a médica, o dinheiro deve ser evitado neste momento. "As notas circulam e podem estar contaminadas com o vírus", explica. Por isso as empresas estão incentivando os clientes a realizarem o pagamento no próprio aplicativo, evitando até mesmo o uso da maquininha e do cartão, que pode ser uma fonte de contaminação. Alguns aplicativos, como iFood, está oferecendo a opção de "entrega sem contato físico", que diminui ainda mais a exposição do entregador.

A orientação da médica antes de cada retirada e após a entrega é a mesma: higienize as mãos e evite tocar o rosto. "Isso é importante para o consumidor ter segurança para pedir algo", explica. Álcool gel ou a solução de água sanitária também podem ser usadas para higienizar a máquina de cartões várias vezes ao dia, explica ela.

Em relação às máscaras cirúrgicas, a Dra. Maria Maeno explica que as evidências científicas indicam que elas não devem ser usadas como a proteção principal contra o coronavírus. "É preciso saber usá-las. Tem que saber como colocar e como tirar as máscaras sem se infectar", conclui.

Na volta para casa

Outro momento em que o entregador deve ficar atento é ao voltar para casa. Tire sapatos e roupas antes de entrar, e deixe-os em uma área reservada para isso. Chegue e vá direto para o banho. As roupas devem ser lavadas e sua mochila, higienizada com água e sabão, água sanitária ou álcool. Assim como tudo que você trouxer de fora de casa, como comidas embaladas. Lave frutas e legumes. Tudo para evitar que o entregador leve o vírus e contamine outras pessoas da sua família.

Limpe também maçanetas, interruptores, sua máquina de pagamento digital e não se esqueça de seu telefone celular. "Locais onde as pessoas colocam as mãos com frequência devem ser limpos a toda hora dentro de casa", alerta a Dra. Maria Maeno.

Sintomas

Caso você você tenha apresente algum sintoma, como febre, tosse coriza, permaneça em casa e afaste-se do seu trabalho. Segundo a médica e pesquisador da Fundacentro, "alguns pacientes também relataram dor abdominal, perda de olfato e paladar". Mas caso tenha falta de ar, procure um serviço de saúde imediatamente. Sua família também deve permanecer isolada, sem sair de casa.

Embora alguns temem ser demitidos, se tiver sintomas não vá trabalhar para não contaminar outras pessoas. "Esta é uma doença altamente transmissível", diz a médica. Negocie com seu patrão ou, no caso dos entregadores independentes, muitos aplicativos têm criado fundos para apoiar seus colaboradores, informe-se sobre o assunto. Em caso de ajuda, a doutora, especialista em saúde do trabalhador orienta os profissionais a procurar a defensoria pública do seu estado, que tem criado ouvidorias para sanar dúvidas em tempos de pandemia. (Por Arthur Caldeira)

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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