Baterista do Rush buscou 'cura' e motivação em viagens de moto
Neil Peart e sua BMW R 1200 GS: baterista e letrista canadense da banda Rush era fã de bigtrail
Reservado e pouco afeito a entrevistas, Neil Peart também se foi discretamente. O baterista da banda canadense Rush, faleceu em 7 de janeiro deste ano, aos 67 anos, depois de perder a batalha contra um câncer de cérebro, mas sua morte só se tornou pública três dias depois.
Considerado um dos melhores (se não o melhor) bateristas do mundo, Peart também era motociclista e fã de longas viagens. Rodou o mundo, inclusive no Brasil, de moto, geralmente com uma BMW da linha GS. Com 1,93 m e espírito aventureiro, as bigtrail eram sua escolha óbvia.Baterista do Rush de moto em alguma estrada brasileira em 2010
"No final de um longo dia na estrada, sinto um misto de vibração, super estimulação e cansaço do dia todo – a consciência profunda de ter percorrido a distância, apreciado e sobrevivido. Certa vez, criei um refrão que costumava aparecer na minha cabeça: 'Quando estou andando de moto, fico feliz por estar vivo. Quando paro de andar de moto, fico feliz por estar vivo.", declarou Peart em uma de suas poucas entrevistas, na qual falava sobre sobre suas viagens de moto.
Peart, na costa do México, durante a viagem contada no livro "A estrada da cura"
A união de sua paixão por viajar em duas rodas com seu talento como letrista da banda e escritor deu origem a diversos livros. No mais famoso deles, "Ghost Rider: A estrada da cura", publicado em 2002, mas que chegou ao Brasil só em 2014, Peart relata como a viagem de 90 mil quilômetros durante 14 meses pela América do Norte, ao comando de sua BMW R 1100 GS, o ajudou a lidar com a morte de sua única filha Selena, que perdeu a vida aos 19 anos em 1997, em um acidente de carro, e de sua esposa Jackie, em decorrência de um câncer, 10 meses depois.Best-seller, livro de 2002 relata viagem sem destino, após perda da filha e da mulher
Em um relato pessoal e emocionante, Neil Peart conta em um trecho como não estava preparado para retomar suas atividades ao lado da banda. "Eu certamente não estava mais interessado em tocar bateria ou escrever letras para canções de rock. Antes daquela noite em que o mundo desabou ao meu redor, eu estava trabalhando num livro sobre as minhas aventuras sobre duas rodas com meu amigo Brutus durante a recém-encerrada turnê Test for Echo, e eu não conseguia me imaginar retomando aquele projeto. Eu apenas permanecia em movimento, com medo de parar por tempo demais, com medo de me dar tempo para pensar".
Decidiu então viajar de moto, sem destino, em busca de si mesmo e da cura de sua perda familiar. Além de um best-seller, é um dos meus livros de cabeceira. Recomendo.
Trabalho e diversãoCom 1,93m, Peart pilotou vários modelos BMW da linha GS
Em outro livro de Peart, "Roadshow: Landscape with Drums: A Concert Tour by Motorcycle" (Roadshow: Paisagem e bateria: uma turnê de moto, em tradução livre, já que não está disponível em português), de 2006, ele escreve detalhadamente a turnê de 30 anos da banda, que incluiu 57 shows em nove países.
Ele fez uma espécie de turnê paralela, viajando entre os shows em sua motocicleta BMW. De Los Angeles a Nashville, de Praga a Berlim, Peart rodou 34.000 quilômetros, percorrendo 19 países. Seu objetivo era documentar a turnê como "a maior jornada de todas na minha existência inquieta: a vida de um músico em turnê".Foto mostra o baterista do Rush acelerando sua moto nos famosos "caracóis" andinos
Unindo seu trabalho com a diversão de rodar 34.000 km, geralmente fora dos roteiros mais conhecidos, Peart conta que seu entusiasmo pela música e pela vida foi revigorado pelo tempo ao guidão, um sentimento que muitos experimentam ao viajar de moto.
Ainda há, em português, o livro "Far Away: Longe e distante", no qual ele também conta histórias de suas viagens de moto.
Portanto, se você é fã de Rush e de motos, pode manter vivo espírito e o talento de Neil Peart não apenas ouvindo suas músicas, mas também lendo seus livros – e, claro, viajando por aí de moto. A estrada cura e inspira. (Por Arthur Caldeira)
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