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Honda CB 650F fica mais atraente e esportiva sem mudar preço

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05/11/2017 04h00

Motor de quatro cilindros de 88,5 cv da CB 650F agrada pelo desempenho em altos giros

Design jovem e atual, nova posição de pilotagem agressiva, motor mais potente e com um ronco encorpado, além da suspensão dianteira atualizada. As mudanças feitas pela Honda deixaram o modelo 2018 da CB 650F melhor e um pouco mais esportiva do que a geração anterior. A boa notícia: com o mesmo preço de R$ 33.500 (sem frete e seguro).

Lançada em 2014 e filha direta da "crise" financeira que afetou a Europa desde 2008, a CB 650F nasceu com a proposta de ter preço acessível e pilotagem mais amigável do que a aposentada CB 600F Hornet. Nesse novo modelo, entretanto, a Honda quis tornar a naked mais esportiva e atraente fazendo algumas melhorias em uma moto que, vale dizer, já cumpria bem seu papel. O de ser uma naked média de quatro cilindros, fácil de pilotar e capaz de empolgar iniciantes e até mesmo pilotos mais experientes.

O novo desenho dá pistas de que a CB 650F 2018 ficou mais "invocada". O farol poligonal agora também é de LED, como a lanterna traseira, e as linhas estão mais angulosas. As carenagens do tanque estão menores, deixando o motor de quatro cilindros em linha mais à vista. As saídas de escape – 4 em 1 – lembram as Honda CB dos anos de 1970, exceto pela ponteira curta, que tem novo formato e promete um ronco mais instigante.

Posição mais agressiva
Honda fez mudanças que deixaram a CB 650F 2018 melhor e mais esportiva

Ao montar na CB 650F, antes de entrar na pista do novo Circuito dos Cristais, em Curvelo (MG), logo se percebe que a posição de pilotagem mudou. O guidão está 13 mm mais baixo e mais à frente. Com isso o piloto fica mais inclinado, mas sem comprometer o conforto, e também aumenta o peso sobre o eixo dianteiro: posicionamento que aumenta a sensação de controle para pilotar esportivamente.

À minha frente, o mesmo painel digital com duas telas de LCD. Na direita, marcador de combustível, relógio e um pequeno computador de bordo. Velocímetro e o conta-giros de difícil visualização ficam na tela esquerda. Completo e informativo, o painel merecia ao menos um indicador de marcha.

Principalmente em um motor como este, que privilegia o torque em baixos médios regimes e parece estar "sempre" cheio. A indicação da marcha engatada ajuda não só a pilotar em uma pista. Também evita que, na estrada, você fique procurando uma "inexistente" sétima marcha no câmbio de seis velocidades.

Respirando melhor
Saídas de escape 4 em 1 lembram a das Honda CB dos anos 70

Os quatro cilindros, agora pintados de preto, deslocam 649 cm³ e têm duplo comando no cabeçote e refrigeração líquida. A carenagem na lateral do tanque deixou a CB jovem e ainda melhorou o fluxo para a nova caixa de ar. Com isso o motor, que teve mudanças na alimentação e adotou dutos de admissão maiores, ganhou 1,5 cavalos de potência: agora são 88,5 cv a 11.000 rpm.

Mas, na pista, o que aumenta a sensação de esportividade não é a cavalaria extra, mas sim a nova relação do câmbio. A Honda encurtou a relação de marchas entre a segunda e a quinta, fazendo com que a nova CB 650 atinja mais rapidamente a mesma velocidade em cada marcha, mas sem perder final. Na prática, embora o torque tenha se mantido o mesmo de 6,22 kgf.m (a 8.000 rpm) a naked acelera melhor e chega antes aos 232 km/h, velocidade máxima declarada pela Honda.

Firme em altos giros
Acima de 8.000 rpm, o motor de quatro cilindros mostra porque faz tanto sucesso

O que mais atrai nos motores de quatro cilindros da Honda é exatamente sua dupla personalidade. Com torque suficiente para arrancadas sem queimar a embreagem, a CB 650F fica totalmente à vontade ao rodar em médios giros: a partir de 3.000 rpm a resposta ao acelerador é típica dos quatro cilindros.

Pode não ser tão empolgante como o bicilíndrico da Yamaha MT-07 e da nova Kawasaki Z 650, mas a alimentação sem engasgos permite rodar "na boa" com essa naked da Honda.Ponteira de escapamento tem novo formato e ronco mais empolgante

Apesar desta proposta, digamos, mais pacata, as melhorias na CB 650F tornam-se mais aparentes quando os giros do motor aumentam. A pista livre foi o ambiente ideal para "torcer" o acelerador com vontade e manter o conta-giros acima dos 8.000 rpm, quando a arquitetura do motor de quatro cilindros em linha mostra porque faz tanto sucesso.

A rotação aumenta juntamente com o ronco mais empolgante da nova ponteira. Ao final da reta, em quinta marcha, aos 11.000 rpm, o velocímetro indicava 209 km/h. Pouco para vencer uma corrida, mas o bastante para se divertir.Na dianteira, a novidade é o garfo telescópico mais firme e sofisticado

A frenagem mais forte para contornar uma curva fechada à direita destacava a nova suspensão dianteira, que utiliza garfo telescópico convencional Showa de 41 mm com a tecnologia Dual Bending Valve (SDBV). Em resumo, a bengala tem duas válvulas internas que "dificultam" a passagem do óleo da suspensão, deixando-a com um acerto mais firme no fim de curso – melhor que o anterior para andar na pista, mas ainda insuficiente para fazer uma volta rápida em um treino cronometrado. Para isso, seria preciso gastar mais do que os R$ 33.500 pedidos pela Honda para também levar para casa suspensão upside-down com ajustes de compressão e retorno.

Os freios com sistema ABS de série têm um funcionamento bem honesto e de acordo com o desempenho da nova CB 650F e seus 195 kg a seco. Ao final de uma sessão nas pistas, mostraram certa fadiga, o que era esperado.

Uma naked honestaA moto tem pilotagem amigável e bom desempenho para uso urbano e viagens

Apesar de os fãs da antiga Hornet com seus 102 cv e suspensão invertida torcerem o nariz para a CB 650F, a naked média de quatro cilindros da Honda é uma moto honesta. Tem bom nível de acabamento, proporciona conforto para o deslocamento diário e pequenas viagens, além de poluir e consumir menos.Amortecedor traseiro ganhou sete ajustes na pré-carga da mola

O modelo 2018 é mais atraente e esportivo do que o anterior, mas não é uma revolução – até porque não havia nada de tão "ruim" na antiga CB 650F. Exatamente por isso, a manutenção do preço foi, a meu ver, um acerto da Honda para disputar o mercado de nakeds média – estimado em torno de 5.500 motos por ano.Suspensão dianteira Showa SDBV transmite mais confiança para pilotar esportivamente

Ela pode não ser tão ágil e divertida no uso urbano como a Yamaha MT-07 (R$ 31.990) ou a nova Kawasai Z 650 (R$ 32.990), porém é mais confortável para viajar e o motor de quatro cilindros mostra que, em altos giros, nem se compara ao bicilíndrico que equipa suas concorrentes.

Capaz de retomadas vigorosas só mostra sua limitação acima dos 200 km/h. Claro, a CB 650F não é uma superesportiva e nem uma naked sofisticada como a recém-lançada Suzuki GSX-S 750 (R$ 36.500) ou a renovada Kawasaki Z 900 (R$ 41.900), mas é honesta: pela sua etiqueta de preço de R$ 33.500 entrega o que promete. (texto: Arthur Caldeira / fotos:Divulgação)

O painel é totalmente digital, mas faz falta um indicador de marcha engatada

Ficha Técnica

Honda CB 650F ABS 2018

Motor Quatro cilindros em linha, 649 cm³, 16 válvulas, DOHC, arrefecimento líquido
Potência máxima 88,5 cv a 11.000 rpm
Torque máximo 6,22 kgf.m a 8.000 rpm
Diâmetro x curso 67,0 x 46,0 mm
Alimentação Injeção Eletrônica de combustível
Taxa de compressão 11,4 : 1
Sistema de partida Elétrica
Capacidade do tanque 17,3 litros
Câmbio 6 velocidades
Transmissão final Corrente com anéis de vedação
Suspensão dianteira Garfo telescópico convencional com 41 mm de diâmetro, 120 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecida, 128 mm de curso com ajuste na rpé-carga da mola
Freio dianteiro Discos duplos flutuantes de 320 mm e pinça de dois pistões (ABS)
Freio traseiro Disco simples de 240 mm com pinça de pistão simples (ABS)
Pneu dianteiro 120/70 – ZR17 M/C
Pneu traseiro 180/55 – ZR17 M/C
Altura do assento 810 mm
Altura mínima do solo 130 mm
Quadro Dupla trave superior em aço
Dimensões (c x l x a) 2.110 x 775 x 1.120 mm
Entre-eixos 1.450 mm
Peso seco 195 kg
Cores: Vermelho e azul metálico
Preço sugerido: R$ 33.500

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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