Vencedor de "Rally da Economia" roda 79 km com 1 litro de gasolina
"Quantos quilômetros uma motocicleta consegue percorrer com apenas um litro de gasolina?" Essa foi a pergunta que motivou a Yamaha a promover em conjunto com sua concessionária Geração de Florianópolis (SC) o 1º Rally da Economia. Para responder a essa pergunta fui convidado pela fábrica a participar do desafio com outro jornalista e mais nove clientes da marca em 24 de julho, um ensolarado e frio domingo na capital catarinense. A disputa, feita com o modelo YBR Factor 150, era simples: rodar até o combustível acabar em um percurso de 1 km ao redor da concessionária. Confesso que estava bastante curioso para descobrir quanto essa econômica street com motor de um cilindro e injeção eletrônica era capaz de rodar: em nossa avaliação, publicada aqui em UOL Carros, nossa média foi de 40,5 km/l.
11 pilotos enfrentaram o Rally da Economia com a YBR Factor 150 promovido pela Yamaha e a concessionária Geração de Floripa
A mecânica do Rally da Economia era simples: cada motociclista podia rodar da maneira que quisesse sem sair do percurso até a moto falhar. Não valia empurrar a Factor 150, nem dar impulsos com o pé, mas era permitido parar em caso de necessidade e depois voltar a rodar. Para que a disputa fosse justa todas as motocicletas foram vistoriadas. "Os técnicos e mecânicos da própria Yamaha verificaram o filtro de ar, escapamento, vela, as medidas dos pneus e da relação. As calibragens também foram as mesmas, utilizando o padrão indicado pela Yamaha no Manual do Proprietário. Quanto ao combustível, as motocicletas tiveram seus tanques esvaziados, e na sequência abastecemos todas as motocicletas com exatamente 1 litro da mesma gasolina, proveniente do mesmo fornecedor. Ou seja, estava tudo igual para todos", explicou Ricardo Malaman, supervisor de serviços da Yamaha Motor do Brasil.
Técnicos da Yamaha verificaram todas as motos; drenaram os tanques e abasteceram com a mesma gasolina
A estratégia era livre para cada piloto. Eu acreditava que rodar em terceira, quarta marcha no máximo, e acelerava até que a luz "ECO" do painel acendesse. Ou seja, os giros estavam em torno de 2.000, 3.000 rpm e a velocidade variava entre 24 e 30 km/h, no máximo. Ainda havia um leve declive na rua, onde eu punha o câmbio no neutro e voltava a engatar a terceira marcha assim que a velocidade caía para menos de 20 km/h. Pensava que assim poderia rodar mais do que os 40,5 km/l que tínhamos conseguido em nosso teste.
Até rodei sem jaqueta para reduzir o peso, mas adotei uma estratégia errada e só fiz 41 km com um litro
Ledo engano. Quando havia rodado cerca de 37 km, a moto começou a falhar. Parei, balancei um pouco a moto para que a gasolina chegasse à bomba de combustível – tudo válido pelo regulamento e conferido de perto por fiscais espalhados pelo percurso – e consegui dar uma nova partida. Mais dois quilômetros e nova falha; outra balançada e consegui rodar somente 41 km/litro. Praticamente o mesmo que em condições normais de uso na cidade de São Paulo.
Já outros pilotos adotaram estratégias diferentes e foram bem mais econômicos do que eu. O vencedor, Brando Dutra de Souza, que ganhou um novo capacete Shark, rodou 79 km (isso mesmo, quase 80 km) com somente um litro. "Eu fiquei surpreso com o resultado. Já sabia que a Yamaha era muito econômica, mas fazer 79 km foi uma surpresa. Eu não usei nenhuma técnica especial, só rodei suavemente, mantendo uma marcha alta, quarta, quinta, e variando a velocidade entre 30 e 40 km/h", explicou Brando, que levou 2h45 min para cumprir o desafio. E para quem duvida, eu garanto: ele rodou tudo isso mesmo. Eu estava lá para ver, afinal quem não gostaria de ganhar um capacete novinho?
Mão-de-vaca: Brando percorreu 79 km com apenas um litro de gasolina!
Mas por que eu rodei tão menos? Primeiramente, poque faltei a algumas aulas de física: minha velocidade média foi muito baixa, o que consequentemente fez eu percorrer uma distância menor, afinal V (velocidade) = Δ s (a variação de espaço) / Δ t (variação de tempo), ou seja, quanto maior a velocidade você vai percorrer uma distância maior no mesmo tempo. A solução seria acelerar tudo, então? Claro que não! O ideal era encontrar uma velocidade média na qual você gastasse o mínimo de combustível e conseguisse percorrer um intervalo de espaço maior… e talvez seja o que Brando encontrou.
Mas meu raciocínio estava errado em outros dois pontos: primeiro que eu deveria ter escolhido uma marcha mais alta, como o vencedor. Em marchas mais altas, o motor gira menos para transferir a mesma "força" à roda traseira. Meu outro erro foi esquecer que, mesmo no neutro, o sistema de injeção eletrônica injeta certa quantidade de combustível na câmara de combustão para resfriar o cilindro. Isso acontecia enquanto eu perdia velocidade (olha a física aí de novo) e tinha que acelerar mais para retomar, e consequentemente, gastava mais. Agora eu aprendi. E espero que vocês também. (Por Arthur Caldeira)
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