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30 dias com a Gladius: motor versátil

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28/01/2014 16h58

gladius_lateralCom torque desde os 2.500 rpm, Gladius permite tocada tranquila e econômica

Logo nas primeiras saídas com a Suzuki Gladius, que vai nos acompanhar por 30 dias, estava parado no semáforo quando um grupo de jovens atravessou à minha frente, e um deles pediu: "dá uma esticada aí para a gente ouvir o ronco do motor!", imitando o zunido típico dos quatro cilindros. Deixei-os decepcionados. Afinal, essa naked Suzuki tem motor de dois cilindros dispostos em "V" a 90°, um de seus grandes diferenciais.

Apesar de ter chegado ao mercado em junho do ano passado, a Suzuki Gladius ainda é uma desconhecida para a maioria dos motociclistas e também para o público em geral. Não foram apenas os rapazes que não sabiam qual era a motorização da Gladius. Em mais de um posto de combustível, fui abordado por curiosos querendo saber "que moto é essa?". Acreditem, essa versão com quadro em treliça na cor vermelha fez com que a Gladius fosse até confundida com a Ducati Monster.

gladius_v2Dois cilindros a 90° têm baixo nível de vibração e funcionamento suave e linear

Bem, voltamos ao propulsor que dá vida a essa naked. Embora sua arquitetura seja a mesma que equipava a antiga V-Strom 650 e também a SV 650, antecessora da Gladius, a Suzuki fez diversas melhorias internas no V2 (ou "L2"). Com duas velas por cilindro e bicos injetores de 10 orifícios a combustão foi aprimorada e não há "buracos" de alimentação. A dupla borboleta de aceleração no corpo injetor (Suzuki Dual Throttle Valve) melhora a resposta do motor em baixas rotações, mas sem prejudicar o desempenho em altos giros e as molas das quatro válvulas por cilindro agora são simples garantindo um funcionamento mais suave.

Todas essas mudanças não fazem com que a Gladius gire alto como um quatro cilindros e nem "grite" como os rapazes queriam. Mas, certamente, deixaram-na melhor para cumprir sua proposta de ser uma moto dócil e amigável para iniciantes e fácil para pilotar na cidade.

Baixo consumo
Motores de dois cilindros em "V", salvo raras exceções, não giram muito, porém oferecem torque em baixas rotações. É algo inerente a essa arquitetura, assim como a vibração excessiva. Mas uma das maneiras de reduzir essa vibração é exatamente montando os cilindros a 90°, vale dizer. Esse é um dos motivos por que a Gladius não vibra tanto quanto uma Harley-Davidson, por exemplo.

gladius2Ainda desconhecida do público, nossa Gladius com quadro em treliça na cor vermelha foi confundida com uma Ducati Monster (?!?!)

Aliás, logo nos primeiros dias com a Gladius foi a suavidade do motor que realmente me impressionou: quase não se notam as vibrações e a entrega do torque e potência para a roda traseira é bastante suave, sem assustar. "Culpa" da tal dupla borboleta, já que uma é controlada pelo piloto, por meio do acelerador, e outra pelo ECU (unidade de controle do motor) para garantir a melhor alimentação possível. Isso garante um motor "elástico", ou seja, que rende bem em baixos giros, mas que não decepciona em altas rotações.

Esse é o caso da Gladius. Já a 2.500 rpm, o propulsor tem "força" para empurrar a moto, e rapidamente você sobe as marchas sem precisar "esticar" muito. O que resulta em mais conforto e menor consumo. Peguei-me rodando em quarta marcha (indicada no painel) a 45, 50 km/h na cidade! E isso sem a "bater" pino. O resultado dessa tocada mais tranqüila na cidade foi o baixo consumo: rodei 228,4 km com 7,797 litros de gasolina, uma média incrível de 29,2 km/l. Outro elogio vai pro câmbio e a embreagem: acionamento macio e engates suaves.

Aí os internautas irão dizer: "também você pilotou que nem um tiozinho!". Não. Apenas aproveitei o torque de sobra do motor, sem esticar muito as marchas. O torque máximo de 6,53 kgf.m chega a 6.400 rpm, mas bem antes disso já há disposição para rodar tranquilamente e evitar mais pontos na minha CNH.

Prova disso é que na segunda média, esticando mais as marchas e rodando alguns quilômetros nas estradas que vão ao ABC paulista o consumo foi alto: 18,8 km/l! Provando que o consumo de uma motocicleta varia, bastante, de acordo com a forma de pilotagem.

Nessa tocada, mais "esportiva", digamos, deu pra notar que, quando exigido, o motor põe pra fora sua potência máxima. A 120 km/h, o V2 gira 5.500 rpm. Mas é acima dos 6.500 rpm e até os 8.500 (onde está a potência máxima de 72 cv) que está a faixa útil do motor, quando ele fica mais "esperto" e com respostas mais instantâneas. Pilotando assim, a Gladius mostra que pode sim ser divertida e agradar mesmo aqueles que gostam de motos mais esportivas. Afinal, com 202 kg em ordem de marcha, o motor é suficiente para levar a Gladius (e o piloto) a 215 km/h – numa reta, plana e sem vento contra.

Esse comportamento é justamente o maior ponto positivo da Gladius, a meu ver: a versatilidade. Pode ser pilotada por um motociclista sem muita experiência ou com uma tocada mais tranqüila no dia-a-dia da cidade, ou ainda dá para pegar uma estrada e se divertir com essa Suzuki. Sem falar que o torque à vontade é um prato cheio para quem gosta de tirar a roda dianteira do chão. Experimente girar com vontade o acelerador e o painel vai "crescer" na sua frente… (Por Arthur Caldeira)

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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