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XR 750TT, uma Harley-Davidson de pista

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22/11/2012 16h46

Derivada da XR 750, a versão TT tinha carenagem, tanque maior e freios

Já contamos aqui no blog um pouco da herança racing da Harley que, desde os primeiros anos da empresa, sempre esteve presente nas famosas corridas de dirt-track nos Estados Unidos. Mas o que poucos sabem é que a Harley também se destacou nas corridas de motovelocidade, ou seja, em pistas de asfalto.

Durante os anos de 1950 e 1960, as motos de corrida da H-D eram focadas nos modelos da série "K", que deram origem à família Sportster. Nas pistas de dirt-track – os circuitos ovais de terra – não tinha pra ninguém: as motos Harley venciam todas. Porém, nas pistas de asfalto, as Harley começaram a ser superadas pelas marcas britânicas. Naquela época, os pilotos do AMA Grand National Series, o campeonato norte-americano de motocicletas, tinham que competir nas duas modalidades – dirt-track e motovelocidade -, diferentemente dos pilotos de hoje que se especializam em um único tipo de piso.

Para manter-se competitiva em casa, a Harley-Davidson teve que aprimorar suas motos "racing". Então, em 1970, nascia a XR 750, baseada no motor V2 e OHV de 748 cm³ da Sportster – em vez do sistema Flathead que competia até então. Para isso, a H-D dotou o tradicional V-twin com novos cabeçotes, cilindros de alumínio, uma melhor lubrificação, e dois carburadores Mikuni de 36 mm. Equipada com um novo quadro, suspensão dianteira do tipo Ceriani (os atuais garfos telescópicos) e dois amortecedores na traseira, a XR 750 trazia o que tinha de mais moderno na época.

O motor V2 de 749 cm³ tinha dois carburadores Mikuni de 36mm e oferecia 80 cv

Dessa XR 750, o departamento de competições da marca americana criou a XR 750TT, uma verdadeira máquina de motovelocidade. Para poder acelerar na pista, a 750 TT ganhou tanque de óleo em alumínio, tanque de combustível maior em fibra de vidro, carenagens e, principalmente, freios – já que as motos de dirt-track não têm freios. Era um tambor simples na traseira e dois grandes freios a tambor na dianteira. A potência estimada na época era de cerca de 80 cavalos.

A renovação da moto racing da Harley foi bem sucedida. O piloto Mark Brelsford venceu o campeonato norte-americano com a XR 750 nas pistas dirt-track e com a 750TT nas pistas de asfalto em 1972. No mesmo ano, o piloto oficial da fábrica Cal Rayborn levou a XR 750TT para correr na Inglaterra: das seis provas do desafio transatlântico "Estados Unidos-Inglaterra", disputado em Mallory Park e Brands Hatch, Rayborn venceu três com o modelo. Naquele ano, Rayborn ainda venceria em Laguna Seca com a XR 750TT.

A rara H-D XR 750TT de John Warr recebe o prêmio de mais importante moto de competição no Salon Privé deste ano

E por que estamos contando tudo isso? Tudo porque esse raro exemplar da XR 750TT, que você vê nas fotos, fez uma aparição surpresa no Salon Privé, famoso evento de veículos clássicos, realizado no belo Syon Park, nas cercanias de Londres entre 5 e 7 de setembro passado. Esse modelo que aparece nas fotos pertence à John Warr da concessionária Harley-Davidson de Londres, revenda mais antiga da Inglaterra, fundada em 1924. Em perfeito estado de conservação e exemplar único de pouco mais de uma dúzia produzida em 1972, a moto reproduz o numeral "3" de Cal Rayborn e o mesmo esquema de cores típico da H-D. Para dar o toque final de originalidade, o mecânico Walt Faulk, da concessionária, que ajudou a colocar essa belezinha para rodar 40 anos depois é o mesmo que afinou a moto de Rayborn em 1972. Não por acaso, o modelo ganhou o prêmio de "mais importante moto de competição" do Salon Privè deste ano. E convenhamos, merecidamente. (Por Arthur Caldeira)

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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