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Com Granado, Brasil volta ao Mundial de Motovelocidade

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15/06/2012 12h38

Já a bordo da nova motocicleta, Granado acelera forte

A temporada 2012 do Campeonato Mundial de Motovelocidade começou em abril e caminha para sua sexta etapa nesse final de semana, em Silverstone, Inglaterra. No entanto, para o brasileiro Eric Granado o campeonato está apenas começando. Maior promessa nacional da motovelocidade, o paulistano não conseguiu estrear ainda na categoria Moto2. Isso porque a Federação Internacional de Motociclismo (FIM) exige a idade mínima de 16 anos para competir, que Eric só completou no último dia 10 de junho. Com sua "maioridade profissional", Granado está pronto para estrear nas pistas do Mundial e ainda em grande estilo: no lendário circuito de Silverstone. "Não conheço nenhuma pista fora da Espanha", analisa Granado, lembrando que sua experiência se limita aos circuitos espanhóis, onde já disputava algumas competições.

O fato é que desde a aposentadoria do piloto Alexandre Barros, em 2007, o Brasil não tinha um representante no Mundial de Motovelocidade em nenhuma das três categorias da competição — Moto3, Moto2, e MotoGP. Já neste ano, ao lado do francês Johann Zarco, Granado representará o País competindo pela equipe nipo-italiana JIR. "Fiz três etapas do Campeonato Espanhol de Motovelocidade (CEV-Buckler) com a moto (Motobi) que usarei no Mundial para me adaptar e estou muito contente com a minha equipe", revela. Agora é acelerar forte para realizar o próximo sonho: entrar na MotoGP, categoria máxima do motociclismo mundial.

Granado será o representante brasileiro no Mundial de Motovelocidade, na Moto2

INFOMOTO: Com quantos anos começou a andar de moto? Influenciado por quem? Alguém na família já competia de moto?
Eric Granado: Comecei a andar de moto aos seis anos, mas na verdade eu subi numa moto pela primeira vez com quatro anos. No entanto, como acabei caindo logo na primeira curva, meus pais acharam melhor esperar um pouco mais. Meu pai corria de moto e acho que foi o maior influenciador, mas antes de todos quem mais queria era eu…

Conte um pouco da sua trajetória até chegar ao Mundial de Motovelocidade
No meu primeiro ano participei do Campeonato Paulista de Motovelocidade, em 2003. Na verdade foi um campeonato que meu pai ajudou a organizar junto com outros pais de pilotos, que na época era feito no kartódromo de Itu (SP). Nosso grid chegou no máximo a ter nove motos, mas pra nossa idade era o que tinha de melhor.

Depois comecei no campeonato Brasileiro de Motovelocidade de Honda CG125, uma moto de rua muito pesada e grande, mas tínhamos que encarar e ai já havia 25 motos, mais ou menos. Então participei por dois anos deste campeonato, e passei a competir na Espanha, foi quando evolui muito como piloto. Após dois anos na Espanha, consegui me consagrar campeão mundial na categoria 70cc, na qual três anos antes eu nem me classificava!

Depois veio o Campeonato Cuna de Campeones 80cc e PRÉ GP 125. E então o CEV-Buckler na categoria GP 125cc onde terminei em quinto lugar, resultado jamais obtido por nenhum brasileiro. Agora, em 2012, começo uma nova fase de aprendizagem na minha vida: o Campeonato Mundial de Motovelocidade na categoria Moto2.

Seu capacete, desenvolvido pela Shark, foi desenhado pelo próprio Eric

Como está a ansiedade para iniciar na Moto2? A primeira temporada será de puro aprendizado ou você pensa em já obter bons resultados?
Eu estou bem tranquilo pra falar a verdade. Procurei me preparar muito durante estes meses que passaram, seja de moto, físico ou mentalmente, e sei que tenho uma grande equipe comigo, que com certeza será um ano pra aprender, conhecer a categoria, as pistas e tudo o que for possível.

Você gostou da motocicleta que utilizará na Moto2? Fale um pouco do seu equipamento
Sim, gostei muito da minha Motobi. Realmente tem um ótimo conjunto (peso, suspensões, balança traseira e chassis), o que faz dela uma motocicleta estável e permite freada sem sustos.

Já teve contato com sua equipe? Como acha que será a relação com eles? E o companheiro de equipe?
Sim, eu fiz três etapas do Campeonato Espanhol para me adaptar com a moto e estou muito contente com a minha equipe. Pelo que notei, somos um grupo que trabalha sempre junto e conseguimos nos entender bem. Quanto ao o meu companheiro de equipe, não tive tanto contato, assim como com os meus mecânicos, telemétricos e etc. Mas nos treinos que estivemos juntos, nos entendemos muito bem, conversamos e posso dizer que temos um bom relacionamento.

A moto e nova equipe agradaram o jovem piloto brasileiro

Como será pra você ser o único brasileiro na competição? Algum familiar, ou amigo, estará presente na sua rotina?
Normal. Acho que não devo ficar pensando nisto e sim fazer meu trabalho bem feito dentro das pistas! Meu pai estará presente nas corridas como sempre, já minha mãe e minha irmã ficarão no Brasil, torcendo para que tudo dê certo. Quando possível, irão me acompanhar em alguma etapa.

Você vai conviver com pilotos famosos como Valentino Rossi, Jorge Lorenzo, Casey Stoner e companhia. Você tem algum ídolo entre eles e como é para você estar na mesma competição?
Meu maior ídolo é o Valentino Rossi. Será realmente muito legal estar no mesmo ambiente que eles, acho que será uma grande inspiração para mim que estou começando.

Alguma coisa lhe assusta em relação ao esporte? Infelizmente tivemos graves acidentes no ano passado, isso passa pela sua cabeça?
Não, de forma alguma, nunca fico pensando nisso. Hoje em dia o esporte tem equipamentos de proteção de alta tecnologia e os graves acidentes realmente são fatalidades, na minha opinião.

Depois da aposentadoria de Alexandre Barros, Granado será o primeiro brasileiro no Mundial

Até aqui qual o seu melhor momento na motovelocidade e qual foi o pior?
Acho que o melhor está sendo agora, entrar no Mundial é sensacional. O pior foi no segundo semestre de 2010, quando quebrei o pé e não conseguia ter de novo a confiança na moto e andava em último lugar no Campeonato Espanhol.

Qual é sua rotina de treinos Eric? Quando você não está em cima da moto o que faz?
Faço treinos físicos todos os dias, seja na academia, na rua ou em casa. E, em algumas vezes, vou fazer sessões de fisioterapia no Instituto Desportivo Marazul, na Espanha. Quando não estou em cima da moto, vou à escola (segundo ano do ensino médio), fico com minha família e meus amigos.

Qual seu objetivo na carreira? Quando você acha que estará apto a ir para a categoria principal do Mundial, a Moto GP?
Meu maior sonho é ser campeão mundial. Se conseguir chegar a MotoGP e ser campeão então, melhor ainda. É muito difícil dizer quando vou estar apto a participar da classe rainha, depende totalmente dos resultados. Neste momento tenho que pensar em evoluir e ser competitivo na Moto2.

A jovem promessa brasileira irá estrear em 17 de junho, no circuito de Silverstone

Mais sobre a Moto2
A categoria Moto2 do Mundial de Motovelocidade é composta por motocicletas com motores quatro tempos e substituiu as 250cc (dois tempos) em 2010, sendo a principal categoria de acesso para a MotoGP — categoria máxima do motociclismo mundial. A Honda é a fornecedora exclusiva dos motores e a Dunlop dos pneus. Todas as motos são equipadas com motores de 600cc, uma potência de até 140cv e não há limitações de chassis. O desenho e a construção do chassi são livres, desde que sigam os regulamentos técnicos da Federação Internacional de Motovelocidade (FIM). O quadro principal, o braço oscilante, o tanque de combustível, o banco e a carenagem não podem ser procedentes de motos de série. E a idade mínima dos pilotos da Moto2 é de 16 anos. (por André Jordão)

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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