Brasileiro é piloto de moto mais velho no Rally Dakar 2019
Aos 60 anos, Lincoln Berrocal vai enfrentar os 5.000 km do rali mais famoso e perigoso do mundo
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pessoa com 60 anos é considerada idosa. Alheio a tal classificação, o empresário Lincoln Berrocal, de Curitiba (PR), vai alinhar junto com os pilotos de moto na largada do Rally Dakar, considerado o mais perigoso e desafiador do mundo. Para conseguir terminar a prova, Lincoln, que completou seis décadas de vida em outubro deste ano, treina muito com sua moto, pratica ciclismo e mantém a forma na academia.O paranaense é o mais velho entre os 138 inscritos para o Dakar 2019
Com seus treinos e dedicação, ele quer terminar a prova, na qual ele é o piloto mais velho entre os 138 inscritos na categoria Motos. O Dakar 2019 começa amanhã, 6 de janeiro, e termina no dia 17, após percorrer 5.000 km dentro do Peru sendo 2.500 km em trechos especiais, quando os pilotos aceleram tudo numa briga contra o relógio.
Lincoln é um piloto experiente no mundo das competições. Ele tem dois títulos de campeão brasileiro de cross-country e diversas vitórias em competições regionais de motocross e velocross. Porém, isso não é bastante para participar do Dakar, o paranaense também teve de provar que pode suportar os dez dias de competições.
Preparação Ele treinou no Marrocos, sob temperatura de 50° C, para encarar as dunas peruanas
Para mostrar sua capacidade ele participou do Dakar Series – uma espécie de eliminatória para o grande desafio. "O Dakar Series foi uma ótima oportunidade para adquirir experiência em navegação e viver o dia a dia que é semelhante ao Dakar". Foram quatro provas, a mais difícil aconteceu no Marrocos, o Rally do Merzouga. "Com dunas altíssimas e temperaturas próximas de 50 graus", relembra.
Além de condições físicas, existe toda uma logística para fazer parte do Dakar. O investimento é de 50 mil Euros para contratar uma equipe de apoio e alugar a moto. Ele competirá com uma KTM 450 Enduro adaptada para Rally, segundo o piloto "ela é mais lenta, porém mais leve. Acho melhor para esse tipo de prova que será 80% nas areias e dunas".Lincoln participou de provas do Dakar Series, como o Rali Ruta 40, na Argentina
Ele quer terminar todas as etapas e acredita que muitos competidores abandonarão a prova na etapa maratona quando a caravana passará pelas Dunas de Ica, próximo de Pisco – às margens do Oceano Pacífico. "Quero competir no dia a dia, completar todas as etapas e terminar a prova, aí realizo meu sonho".
Sonho de aventureiro Lincoln já viajou toda a América de moto e também encarou a Transamazônica
O desejo de participar do Dakar sempre esteve na mente de Lincoln, assim como na da maioria dos aventureiros. Por falar nisso, ele é um motociclista ligado às viagens de aventura e tem no currículo muitas viagens de moto pelo mundo.
Já percorreu todo o continente americano – do Alasca até Ushuaia – em três etapas. Com uma BMW G 650GS partiu de San Diego, na Califórnia, e foi até o Alasca. Depois veio dos Estados Unidos com sua KTM 990 até a Bolívia e entrou no Brasil. Na última perna da aventura, foi com sua KTM até Ushuaia – no extremo sul do continente americano, na Argentina.
Mas a viagem mais desafiadora foi cortar a região nordeste em direção ao norte pela temida Transamazônica. Com seu amigo Marlon Bonilha enfrentou os enormes atoleiros entre Cabedelo, na Paraíba, e Lábrea, no Amazonas. As fotos mostram as enormes KTM 990 sendo engolidas pela lama.
Mesmo com tantas viagens e aventuras em sua vida esse "idoso", segundo a OMS, ainda tem muitos planos de viagens. Ele já estuda os mapas para ir da Europa até o extremo da Rússia chegando até a Mongólia. "Apesar dos meus 60 anos, sinto-me saudável, ativo e competitivo", afirma o piloto aventureiro. (texto Cicero Lima / fotos Divulgação e Arquivo Pessoal)
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