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"Reza a Lenda" é espécie de Mad Max do sertão

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20/01/2016 15h52


Embora já tenha ocupado papéis protagonistas em filmes estrangeiros, a motocicleta teve pouca influência no cinema nacional. Exceção feita a "Diários de Motocicleta" de Walter Salles e a outras produções independentes, as motos nunca estiveram no centro da trama como em "Reza a Lenda", filme que estreia nos cinemas nesta quinta, 21 de janeiro.

495ESPECIAL_FILME7Em "Reza a Lenda", Cauã Reymond e sua gangue de motociclistas roubam santa que pode fazer chover no Sertão

Escrito e dirigido por Homero Olivetto, "Reza a Lenda" conta a história de um grupo de motociclistas (ou motoqueiros, como prefere o press-release) que crê na lenda de que uma determinada santa se colocada em seu lugar trará chuva ao árido Sertão Nordestino. O grupo, liderado por Ara (Cauã Reymond), rouba a santa de seu local e a leva para a tal capela sagrada. Isso desperta a ira do coronel Tenório (Humberto Martins), que se diz dono da imagem.

495ESPECIAL_FILME5O diretor e roteirista Homero Olivetto em cena de "Reza a Lenda"

Toda a ação do filme se desenvolve na perseguição de Tenório aos motociclistas. O pano de fundo da trama é a relação entre Ara e Severina (Sophie Charlotte), vice-líder do bando, que teme perder seu companheiro para a jovem Laura (Luisa Arraes), que foi seqüestrada pelo grupo.

Motos Yamaha customizadas
495ESPECIAL_FILME9Não parece, mas esta é uma Yamaha XJ6 customizada: o farol lembra o da nova XSR 900

Embora tenha elementos locais – o sertão, a seca e a religiosidade –, é inevitável a comparação de "Reza a Lenda" com a saga Mad Max. Homero Olivetto afirma que o roteiro é antigo – "escrito há mais de 20 anos, quando estava na faculdade". Mas a estética desértica, a caracterização das personagens e, principalmente, o estilo das motos customizadas remete ao mais recente filme da saga apocalíptica. Até mesmo a "falta de água" está presente neste filme de ação nacional.

A customização das motos – todas da Yamaha, uma das empresas apoiadoras do filme – segue a linha "steam punk", misturando o aço das máquinas com peças enferrujadas e um visual de ferro-velho.

495ESPECIAL_FILME8A bela Sophie Charlotte é Severina, companheira de Ara, que pilota uma Crosser 150 com visual Mad Max

Para viver o personagem Ara, Cauã Reymond tirou carteira de moto e até mesmo levou um "tombaço antes das filmagens", conforme o ator revelou na cabine de imprensa do filme. Apesar da confessa inexperiência, Cauã mostra-se à vontade ao guidão de sua XJ6, a naked de quatro cilindros da Yamaha que está quase irreconhecível no longa metragem. Curiosamente, o modelo ganhou um farol arredondado com o mesmo design do utilizado nas versões retrô da MT-07 e MT-09, XSR 700 e XSR 900, à venda na Europa. Os outros personagens pilotam modelos menores, como a Factor 150 e a sua versão off-road, Crosser. Todas descaracterizadas e customizadas com o tal visual "Mad Max".

As comparações não tiram os méritos de "Reza a Lenda", um filme nacional que mistura fantasia e misticismo a muita ação no melhor estilo faroeste, mas com o sertão nordestino como cenário. Recheado de belos takes e muitas cenas de perseguição e tiroteios que, se ainda não são uma primazia no aspecto técnico, provam que o cinema brasileiro tem se universalizado e bebido em outras fontes. "Reza a Lenda" tem personalidade, muita ação e motos na telona. Vale a pena conferir. (por Arthur Caldeira)

Serviço
Reza a Lenda (87 min)
Direção: Homero Olivetto
Elenco: Cauã Reymond, Sophie Charlotte, Luisa Arraes, Humberto Martins, Jesuíta Barbosa e Nanego Lira
Origem: Brasil
Idioma: Português
Classificação: 14 anos
Site oficial: http://rezaalenda.com/

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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