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Motos carburadas estão com os dias contados

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28/08/2013 11h07

Peça deverá deixar de existir até nas motos de baixa cilindrada em 2016

No ano de 2005, a Yamaha causou uma revolução no segmento street ao apresentar a Fazer YS 250, a primeira moto de baixa cilindrada fabricada no Brasil equipada com o sistema de injeção eletrônica de combustível. Mais tarde, no final de 2008, a Honda popularizou ainda mais o conceito ao equipar sua CG 150 com o sistema de alimentação mais moderno, que substituiu o carburador. Entretanto, o que era tido como uma inovação com forte apelo comercial no início da última década passará a ser obrigação das fabricantes de motocicletas em breve.

Hoje, o PROMOT III, que entrou em vigor no início de 2009, estabelece os limites das três principais substâncias nocivas lançadas ao ar pelas motocicletas: Monóxido de Carbono (CO) Hidrocarbonetos (HC) e Óxidos de Nitrôgênio (NOx). Os níveis são medidos em gramas por quilômetro rodado e os máximos permitidos pela regra são de 2,0 g/km para CO; 0,8 g/km para HC e 0,15 g/km para NOx para as motos que chegam até 130 km/h e 2,0 g/km; 0,3 g km/h e 0,15 g/km, respectivamente, para as motos que excedem essa velocidade.

Renovada recentemente pela Honda, a linha CG 125 Fan 2014 ainda é carburada

A quarta fase do PROMOT, que está sendo chamada de PROMOT M4, entrará em vigor em duas etapas. A primeira começa a valer em 1° de janeiro de 2014 e irá solicitar que os veículos sejam avaliados após certa quilometragem rodada para medir as emissões depois dos componentes passarem por deterioração. "Os limites são os mesmos, o que vai mudar é o ciclo de condução [do teste]", comenta Alfredo Castelli, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), se referindo ao WMTC, sigla que em inglês significa Ciclo Mundial de Teste de Motocicletas e será o novo padrão de análise das emissões de motos no Brasil. "É um ciclo mais parecido com o que é feito nos automóveis. Representa melhor as condições pelas quais a moto passa no dia-a-dia", acrescenta o executivo.

Os ciclos de teste alternam momentos de aceleração e velocidade de cruzeiro para medir as emissões produzidas pelo motor em diferentes estágios e o novo padrão servirá para avaliar as emissões de poluentes levando em conta fatores de deterioração. De acordo com a Resolução 432 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) – que também rege quando as duas etapas do PROMOT M4 entrarão em vigor –, os veículos deverão apresentar níveis satisfatórios mesmo após rodarem o equivalente a distâncias expressivas. Serão 10 mil quilômetros para ciclomotores e de 18 a 30 mil quilômetros para motocicletas, dependendo se a moto excede ou não 130 km/h de velocidade máxima, sendo que as mais velozes irão rodar pela distância maior.

O Laboratório de Emissões da Magneti Marelli em Hortolândia (SP) presta serviços para diversas marcas que atuam no Brasil

Já a segunda etapa do PROMOT M4, que entra em vigor em 2016, irá reduzir ainda mais a tolerância aos níveis de substâncias nocivas lançadas ao ar pelas motocicletas. As tolerâncias nos níveis de CO, HC e NOx para as motos que chegam até 130 km/h serão de 2,0 g/km; 0,56 g/km e 0,13 g/km, respectivamente. E, de 2,0 g/km; 0,25 g/km e 0,17 g/km no caso da motocicleta atingir velocidade superior a esse limite.

Morte ao carburador
A grande mudança que iremos testemunhar por conta do PROMOT M4 é a descontinuidade dos motores equipados com carburador, que ainda estão presentes em modelos street e trail com até 150cc. "A tendência dos motores carburados é acabar", afirma Marcello Depieri, supervisor do Laboratório de Emissões da Magneti Marelli, se referindo aos novos padrões de emissão que entrarão em vigor a partir de 2016.

Segundo ele, a injeção eletrônica será o método mais barato para fazer com que as motos de 125 e 150cc estejam em conformidade com os novos parâmetros. "Um carburador e um catalisador potentes resolveriam, mas ficaria muito caro", comenta o supervisor, lembrando que um dos principais atrativos desses modelos é o baixo custo para o consumidor.

Todavia, tanto a obrigatoriedade da tecnologia quanto os processos para homologação estão ajudando a colocar motos e carros em pé de igualdade. "Hoje, o que tem de tecnologia para os carros, tem para as motos", diz o especialista da Magneti Marelli. Mas, sobre a eterna polêmica de que motocicletas poluem mais do que os automóveis, Marcello Depieri é categórico. "Não dá para comparar. São motores de ciclos diferentes. O que se pode dizer é que a moto poderia ser mais eficiente do que é, em termos de emissão, uma vez que desloca menos peso e, geralmente, um único ocupante", explica.

A Yamaha Fazer 250 foi a primeira street de baixa cilindrada produzida no Brasil a contar com injeção eletrônica

O que é o PROMOT?
O Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares, o PROMOT, foi criado em 2002 pelo Conama e prevê a redução contínua dos poluentes emitidos pelas motocicletas e ciclomotores no País. Até o momento, entraram em vigor três fases do programa, em 2003, 2005 e 2009, diminuindo cada vez mais as tolerâncias de Monóxido de Carbono, Hidrocarbonetos e Óxidos de Nitrogênio permitidos para homologação de novos modelos. (por Carlos Bazela)

A Dafra Riva é outro exemplo de modelo ainda alimentado por carburador

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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