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Os 90 anos de inovação da BMW Motorrad

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11/05/2013 00h32

A R 32, primeiro modelo da marca bávara, apresentada em 1923

Inspirados nos modelos de aniversário da BMW, que chegaram ao Brasil há pouco (como nós mostramos aqui e aqui), resolvemos contar um pouco da história da marca bávara aqui no blog. No decorrer dos anos, a fabicante se tornou sinônimo de inovação e tecnologia, como a produção da primeira moto com carenagem integral do mundo e, recentemente, a incorporação dos freios ABS de série em todos os modelos. Presente no Brasil, onde monta quatro modelos (G 650 GS, G 650 GS Sertão, F 800 GS e F 800 R) dentro da fábrica da Dafra em Manaus (AM), a marca apresenta edições comemorativas e deve lançar uma moto totalmente nova ainda em 2013, segundo revelado pelo CEO Stephan Schaller durante apresentação realizada em novembro passado, no Salão de Milão.

Fundada em 1916, a BMW (ou Bayerische Motoren Werke) se consolidou como fabricante de motores para aviões, expandindo sua atuação para barcos e caminhões. Embora seja lembrada pelo público pelos automóveis de luxo, o primeiro carro produzido pela BMW saiu da linha de montagem apenas em 1928. Já a primeira motocicleta a receber o emblema da hélice azul e branca estilizada veio ao mundo cinco anos antes, após o engenheiro chefe Max Friz desenvolver o motor boxer de dois cilindros opostos de 494 cm³.

Em 28 de setembro de 1923, a R 32 foi apresentada ao mundo durante o Salão de Berlim. Equipada com o conjunto de propulsão que se tornou marca registrada da BMW Motorrad (junto com a transmissão feita por eixo cardã), a moto era capaz de gerar até 8,5 cv. Um dos diferenciais do primeiro modelo da marca frente às motocicletas da época é que ela foi concebida para ser uma moto desde o início. Enquanto outros modelos eram construídos levando em conta a base geométrica das bicicletas, a BMW R 32 trazia uma modesta carenagem, bem como quadro reforçado.

O motor boxer de 494 cm³ que equipava a R 32 

As inovações e a guerra
No ano seguinte, a R 32 já recebeu uma evolução, a R 37, cujo detalhe que a diferenciava era o motor com cabeçotes feitos em liga leve. Ainda em 1924, a moto venceu o campeonato alemão na categoria das 500cc, repetindo o feito de 1926 a 1929, quando o número de motocicletas entregues a clientes chegou a 5.680. Na mesma época, a BMW começou a trabalhar em seu primeiro modelo com motor de um cilindro. Em 1925, o modelo, com motor de 247 cm³ capaz de gerar 6,5 cv e batizado de R 39, já era campeão da sua categoria no campeonato alemão de motovelocidade pelas mãos de Josef Stelzer.

A evolução da BMW como fabricante de motos deu um salto em 1934 com a chegada dos modelos R 12 e R 17, ambas equipadas com motor boxer de 750cc. Os modelos introduziram a suspensão com garfo telescópico hidráulico dianteiro e o conceito de chassi feito em aço prensado, que oferecia mais estabilidade. Em 1938, foi a vez da R 51 inaugurar suspensão traseira nas motos da marca, deixando-as mais confortáveis a partir dali. No final da década de 1930, a BMW Motorrad já contabilizava mais de 100 mil motocicletas produzidas.

Linha de montagem da R 24, em 1948

Tudo ia bem para a marca alemã até eclodir a Segunda Grande Guerra. Em 1941, todos os esforços da BMW estavam voltados para a produção de motores para aviões e as plantas da marca se tornaram, inclusive, campos de trabalhos forçados para prisioneiros de guerra. No final do conflito, com a derrota da Alemanha, as fábricas da marca bávara foram ocupadas por tropas aliadas e a que era localizada em Munique foi desmantelada, com suas máquinas sendo enviadas para diversas partes do mundo como forma de reparação pelos danos causados pelo país.

Vista como fabricante de armas pelos Aliados, a partir de 1945, a BMW passou a produzir utensílios de cozinha. O sonho de voltar a produzir motocicletas apenas se realizou em 1948 com a R 24, uma monocilíndrica de 250cc com 12 cv de potência máxima. Desenvolvida com base na inacabada R 23 do período pré-guerra, a moto começou a ser produzida em dezembro daquele ano e, em 1949, foram vendidas 9.144 unidades.

A R 24 foi o primeiro modelo da BMW produzido depois da Segunda Guerra

Novos segmentos
Com o sucesso da R 24, a BMW voltou a produzir modelos de alta cilindrada. No início da década de 1950, esse novo momento da marca trouxe ao mercado as duas gerações da R 51, ambas com motor boxer de 500cc e a R 68, também boxer, mas com 600cc de capacidade cúbica. Nos anos que se seguiram, a divisão de motos da marca alemã, como qualquer fabricante que se preze, dedicou-se a oferecer modelos diferentes para atender a diversos segmentos.

Em 1973, quando a BMW Motorrad comemorou 50 anos e ultrapassou a marca das 500 mil motos produzidas, era lançada a radical R 90 S. Com design estilo café racer, a moto contava com um parabrisa integrado ao farol e era equipada com um propulsor boxer bicilíndrico de 900cc, capaz de gerar 67 cv de potência máxima suficientes para levá-la acima dos 200 km/h.

R 100 RS: a primeira moto com carenagem integral do mundo

Três anos depois, chegava ao mercado a R 100 RS, nada menos do que a primeira motocicleta do mundo a contar com carenagem integral desenvolvida em túneis de vento. O motor era boxer como na R 90, porém com capacidade cúbica aumentada para 980 cm³. Em 1978, a moto recebeu conjunto de malas. A carenagem foi levemente redesenhada para oferecer ainda mais proteção e ganhou a nomenclatura RT, que acentuaram sua vocação para longas viagens.

Em 1979, a BMW Motorrad fez sua estreia no Rally Paris-Dakar e iniciou sua trajetória pelo segmento off-road. No ano seguinte, chegava ao mercado a bigtrail R 80 G/S – sim, escrito originalmente com uma barra separando as duas letras. O modelo, equipado com motor boxer de 797 cm³ capaz de gerar 50 cv e pesando 183 kg, foi o precursor das motos com o selo "Gelände/Straße" (off-road/on-road). A R 80/GS deu origem ainda a uma das bigtrails mais desejadas da atualidade, a R 1200 GS, que ganhou uma significativa atualização em 2013: sistema de arrefecimento líquido em seu motor boxer – pela primeira vez na história da fábrica alemã.

R 80 G/S: precursora de uma linhagem que faz sucesso até hoje

Um alfabeto de motores
Por mais que a arquitetura boxer de dois cilindros opostos tenha se tornado sinônimo da BMW, no decorrer dos anos, a marca alemã investiu em outras configurações de propulsor que acabaram fazendo tanto sucesso quanto o primeiro. Assim, todas as motos equipadas com motor boxer receberam a letra "R" no nome.

O ano de 2013 também celebra os 30 anos da família "K", que designa as motos equipadas com motor de quatro cilindros em linha com duplo comando no cabeçote (DOHC). A primeira moto da família foi a K100, em 1983. Ainda hoje estão em produção a sport-touring K 1300 S e a naked K 1300 R. Em 2011, as grã-turismo K 1600 GT e GTL levaram a linha a um outro patamar com motores de seis cilindros em linha. Foi ainda uma integrante da família, a K1, a primeira moto do mundo com freios ABS, em 1988.

A primeira moto do planeta  produzida em série a contar com freios ABS foi a K 1, lançada em 1988

Já em 1996, a BMW voltou a investir em um modelo com motor monocilíndrico, a trail F 650 GS. Mais tarde, a letra "F" na nomenclatura passou a se referir às motos com propulsores de dois cilindros em linha, que hoje equipa as trails F 700 GS e F 800 GS, além da naked F 800 R, da sport-touring F 800 GT. Os motores de um cilindro, entretanto, continuam fazendo parte do line-up da marca e são indicados pela letra "G" na nomenclatura, como ocorre nas trails G 650 GS e G 650 GS Sertão.

A mais recente família desenvolvida pela marca bávara debutou em 2009. Identificada pela letra "S", a nova nomenclatura marcou a estreia da superesportiva S 1000 RR, a primeira do segmento produzida pela BMW. Equipada com um propulsor de 999 cm³ e capaz de gerar 193 cv de potência máxima. Em 2012, a moto ganhou uma versão ainda mais voltada para as pistas com a nomenclatura HP4, que além de ser mais leve, conta com uma inovadora suspensão semi-ativa. (por Carlos Bazela)

A S 1000 RR HP4 é a mais recente superesportiva lançada pela BMW e conta com um inédito sistema de suspensão semi-ativa

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Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é "louco", anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

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